A Primeira Sessão
- redepsicoterapias
- 18 de abr. de 2013
- 3 min de leitura
Olá. Meu nome é Bruno, sou psicólogo e enviarei alguns textos quinzenalmente para a rede psicoterapias. Vou abordar temas relacionados à psicologia clínica, talvez a especialidade mais conhecida da psicologia. Como este é o meu primeiro texto na coluna, queria tratar de algo relacionado à introdução no mundo da psicoterapia. Pensei em alguns textos, mas acho que pra começar também é legal se falar do momento em que se inicia a psicoterapia, ou seja, a primeira sessão com um psicólogo. Essa talvez seja uma situação muito tensa para algumas pessoas, e acredito que seria bom falar um pouco disso.
Como gosto muito da área clínica, dediquei muito tempo de minha formação com psicoterapia, e enquanto aluno trabalhei por mais de um anoem uma clinica social, em Belo Horizonte.Meu trabalho era exclusivamente com esse primeiro momento que o psicólogo tem com o seu cliente.
Muitas pessoas tem dificuldade de apenas de entrar em contato com um psicólogo e falar sobre o que as afeta em suas vidas. As pessoas que conseguem vencer esse medo sozinhas têm o seu primeiro encontro com o profissional, mas muitas vezes não sabem o que podem acontecer. A Imaginação voa alto devido à falta de informação concreta.
• Algumas pensam que vão falar em uma sessão e os problemas vão sumir magicamente. • Existem aqueles que acham que o psicólogo vai taxá-los de louco. • Outras confundem o trabalho do psicólogo com o do psiquiatra (falarei disso inclusive em um texto futuro).
O Que acontece na verdade, é que o psicólogo vai conhecer o seu cliente, e vice-versa. Não existem baterias de testes, interpretações descabidas, soluções mágicas. Esse primeiro momento se chama entrevista psicológica, ou como eu gosto de chama-la, um acolhimento. A Pessoa que nunca fez psicoterapia não faz ideia do que acontece, e esse é o momento em que são esclarecidas algumas coisas.
Nesse momento o psicólogo coleta informações de seu cliente. São coisas básicas. Dados comuns como nome completo, endereço, telefone de contato. Ele também quer saber de seu possível cliente o que está querendo com sua psicoterapia: Se é se conhecer melhor, lidar com determinado sofrimento, melhorar seu relacionamento com familiares e/ou amigos ou até mesmo um aluno de psicologia que quer se manter afiado com a terapia justamente para poder trabalhar com isso.
Mas o cliente também quer saber algo de seu psicólogo. Afinal de contas, não contratamos o serviço de alguém sem saber um pouco dessa pessoa. Então a pessoa pergunta quanto o profissional cobra, se existe uma flexibilidade no pagamento, se o horário que o profissional tem está legal para ela, com qual referencial teórico ele trabalha, pergunta quanto tempo vai demorar o seu processo.
Ambos se conhecem um pouco e tem um encontro. É Importante dizer que durante, no final ou após esse encontro ambos decidem se estão á vontade para firmar esse compromisso. Isso mesmo, assim como o cliente pode recusar a ser atendido por um psicólogo, o psicólogo também pode recusar atender o cliente. Isso não quer dizer que o profissional é metido, ou chato e que só atende clientes desse ou daquele jeito. Mas é que o psicólogo verifica a demanda daquele caso, para ver se ele está apto a atender, se existe uma demanda real ou até mesmo se a demanda é de um profissional de psicologia. Uma vez, enquanto fazia um acolhimento de uma pessoa na Clínica-Escola onde estudei, ela descreveu todos os detalhes da demanda de seu filho, que era muito mais de um terapeuta ocupacional do que um psicólogo. O Seu caso foi discutido em supervisão e fizemos o encaminhamento devido dessa pessoa. Outro exemplo, é que o psicólogo pode atender determinada faixa etária e pode encaminhar um adulto a outro profissional que estaria mais apto a atender.
Você também não precisa ter tudo anotado e preparado sobre o que acontece com sua vida, e levar com detalhes na primeira vez, isso vai ser conversado durante as sessões. Você pode contar o que você der conta e voltar (se quiser voltar) e contar de novo com mais detalhes depois.
O Que quero dizer com isso tudo é que no final das contas, para não alongar demais: após conversarem, explicitarem as condições de trabalho, a demanda do cliente,de sentirem como foi o primeiro momento (ou alguns encontros), dá-se início ou não o processo de psicoterapia.
O Primeiro passo muitas vezes é o passo mais difícil. Mas muitos clientes se surpreendem com a terapia e descobrem que não é o bicho papão que se pensa, e que na verdade, faz muito bem.
Bruno Martins
Psicólogo
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