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Os sonhos na análise (ou a entrada no mar dos sábios).

  • Thiago Domingues
  • 6 de ago. de 2015
  • 2 min de leitura

Quid hoc ad aeternitatem?[1]



As motivações e a aplicação terapêutica dos sonhos é uma constante em diversas culturas desde a mais remota antiguidade. Durante a XII Dinastia, surgiu no Egito antigo uma coletânea de interpretações que remonta ao II milênio antes de Cristo. Na Índia, os tratados versificados ( pariçshta) denominados “ Tratado do Sonhos” completam o Atharva Veda e são datados do século V antes da era cristã.[2] Entre tantos exemplos, podemos continuar com Diotima de Mantineia, que segundo Sócrates conhecia os segredos do amor por ser amiga da filosofia e dos sonhos, daquele saber inconsciente cuja sabedoria era dominada pelos filósofos anteriores à Sócrates. Lembremos que tais filósofos procuravam compreender o homem e a existência humana não a partir de conceitos, mas com o uso de imagens e meditando sobre elas. Os grandes cartógrafos da physis como Empédocles e Heráclito conduziam suas reflexões na tentativa de alcançar o símbolo puro, a visão do movimento da vida a partir do mundo sensível e estético.


Não é por acaso que Carl Gustav Jung explorou a dinâmica psíquica a partir da noção de mitopoética, isto é, a capacidade da psique em expressar-se pela poesia, pelas metáforas, e através das mais belas e muitas vezes inquietantes imagens presentes na tradição folclórica, nos mitos e lendas.


Jung sinalizou em todo seu percurso teórico que o ser humano tem capacidade de alcançar níveis mais amplos e complexos de consciência. Ter uma vivência unilateral e apartada de uma relação de amor e criatividade pode ser “viável” durante algum tempo, ainda mais quando todos os esforços de uma sociedade como a nossa, encontram-se reunidos e valorizados a partir de tendências racionalistas e burocráticas.


Jung nos dá provas de que viver não é se desenvolver unilateralmente. É preciso resgatar as riquezas de um desenvolvimento pleno e satisfatório, oferecendo recursos a um ego isolado a tornar-se o que pede a vida: ser plena.


É na direção deste impulso da totalidade psíquica que o processo de individuação estaria relacionado com as conexões arquetípicas e no desenvolvimento das realizações e qualidades coletivas do ser humano. Ao trabalhar com os sonhos na análise pessoal uma premissa torna-se necessária: compreender a teleologia psíquica no sentido da individuação.


Jung observou que a neurose, o “sentimento de fragmentação, vazio, a falta de significado da vida moderna, resultam do isolamento do ego em relação ao inconsciente”[3] pois é lá que encontramos nossa referência principal de Deus e o nosso Panteão de entidades divinas que auxiliam na busca de significado interior. Desta forma, o sonho relaciona-se com este fluxo de imagens, alimentado pelo inconsciente, que proporciona que tenhamos acesso aos mananciais de nossa sabedoria interior.


Ao trabalhar com os sonhos, o analista torna-se então o psicopompo necessário para a entrada no mar dos sábios da tradição alquímica, a compreensão das aventuras do Graal de cada um.






[1] Que proveito tem isso para a eternidade?


[2] CAILLOIS, Roger; GRUNEBAUM, G.E. Von. O sonho e as sociedades humanas. IN : Prestígios e o problema do sonho. Rio de Janeiro: Francisco Alves. 1978.

[3] JOHNSON, Robert A. A chave do reino interior. IN: o inconsciente e sua linguagem. São Paulo: Mercuryo. 1989. P.18.

 
 
 

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