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Quem você vai ser quando crescer?

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 23 de abr. de 2013
  • 4 min de leitura

Quando ainda somos pequenos, são muitas as perguntas e profecias sobre o nosso futuro profissional. Geralmente essas se baseiam em nossos comportamentos, hábitos e gostos. Carregam expectativas de pais, familiares, professores, enquanto nós sequer compreendemos a dimensão dessas afirmativas. Alguns, inocentemente, respondem simplesmente que serão adultos, afinal essa é a consequência imediata.

Á medida que crescemos e nos afirmamos como participantes desse mundo, essa pergunta torna-se frequente. Até chegar o fatídico (ou não) momento da escolha profissional. Então é preciso dar uma resposta exata, nomear aquilo que pretendemos ser com a descrição de uma dada profissão. Ser dentista, professor, médico, geólogo... Ser o adulto profissional.

Então por que, ao invés de “O que você vai ser quando crescer?”, não perguntam “Qual profissão você quer escolher quando for adulto?”? Talvez essa seja a questão mais adequada se quisermos somente o nome de uma profissão como resposta da criança/jovem a nossa indagação. Na verdade, o que esperamos que esses respondam é “Como você será, segundo uma dada profissão?” Mas o que é ser? Como o existir se relaciona ao trabalho?

O trabalho é a forma de produção da existência humana. Transformando a realidade ao seu redor segundo seus desejos e intenções, o homem cria objetos materiais, relações pessoais, valores, ideias, conhecimentos acumuláveis e passiveis de transmissão às outras gerações. O ser humano desenvolve-se. Assim, ele sempre pode ir além. Atravessar mares, montanhas, ir à lua. Evita epidemias, cria formas de divertir-se, reinventar-se. Surpreender.

Muito se discute sobre o modelo capitalista ter destruído a dimensão humana do trabalho. Alienação, estagnação, necessidade de sobrevivência, relação máquina-homem, avanço tecnológico, são aspectos que afastam o homem de criar sua própria vida. Porém, ainda associa-se a questão do “ser” ao trabalho nas perguntas feitas aos pequenos. Talvez ainda haja alguma esperança.

O que a questão “O que você vai ser quando crescer?” coloca, no fim, é que, apesar da desumanização presente em certos processos produtivos, uma dada profissão remete a um conjunto de comportamentos e papéis sociais, uma forma particular de se relacionar com o mundo, influenciada por aspectos de cada classe profissional e da sociedade em que se insere.

No modelo de produção do qual fazemos parte, a profissão tem um papel fundamental. Você será identificado como o doutor médico, o doutor advogado, o professor, o empresário. Utiliza-se, em certos casos, o título como qualidade pessoal, como garantia de bom caráter ou ausência de alguns atributos. Existe todo um imaginário, ideias e pré-conceitos, que envolvem todas as profissões. Além do histórico de como elas se desenvolveram e fortaleceram, ou não, no meio social. Portanto, escolher quem seremos, a partir do ponto de vista profissional, pode ser realmente estressante considerando esses e outros aspectos relacionados às formas de se posicionar diante do mundo, segundo uma dada categoria profissional.

Assim, a criança não é capaz de perceber a dimensão do “O que você vai ser quando crescer?” presente na fala do adulto. Ela geralmente diz que não sabe ou oferece uma resposta vaga, incompleta, imediatista, segundo o seu interesse e estado momentâneo. Isso porque ela passará por muitas mudanças e experiências durante seu relacionamento com o mundo.

Desenvolverá conhecimentos e habilidades em diversos níveis, até que encontre algo que se destaque de forma a fazer sentido em sua existência. Talvez devêssemos experimentar tudo, vivenciar todas as coisas, antes de escolhermos uma profissão. Só assim poderíamos agrupar as qualidades de nosso interesse e, assim, definir uma carreira com a qual identifiquemos com o ser humano que desejamos ser. Porém, isso é impossível. Primeiro, porque o ser humano está sempre produzindo novidades, seja pelo reagrupamento de velhos saberes, seja pela descoberta original. Segundo, porque o tempo oferecido para realizarmos a escolha é muito curto. Por volta dos 18 anos já esperam que alguma profissão seja escolhida. Por isso, quando ainda somos pequenos, já perguntam sobre o que seremos. Talvez como um preparo inicial para esse momento crucial.

Nesse contexto, uma boa orientação profissional pode ser fundamental, não com o objetivo único de descobrir a resposta ideal a essa indagação, mas, principalmente, para se pensar sobre a pergunta do “Quem eu quero ser quando crescer?”. É necessário resgatar a dimensão humana do trabalho enquanto meio de produzir a existência humana e compreender que o mesmo não é (e não precisa ser) somente penoso. Atualmente se comenta muito sobre realização pessoal e, muitas vezes, ela parece incompatível com o trabalho ou com determinadas formas de atividade. Entretanto, isso não precisa corresponder à realidade. É através do trabalho que o homem cria a si mesmo e o mundo em que vive. Mas se isso não é perceptível e acessível para muitas pessoas, é preciso que algo seja repensado e feito. O homem tem necessidade de realização, caso contrário corre o risco de se animalizar, ou pior, se automatizar. E é a isso uma boa orientação vocacional e profissional se propõe: que o sujeito, a partir da escolha consciente da sua atividade, possa desenvolver todas as suas potencialidades e se tornar um ser autônomo e crítico na construção da sua própria existência.

Juliete Alves

Psicóloga


 
 
 

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