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Para cuidar do cuidador

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 14 de ago. de 2013
  • 2 min de leitura

Recebi esta semana um convite para realizar um trabalho em uma casa de moradia e atenção ao idoso. Trabalho este delicado e de muita responsabilidade, mas que vai de encontro com minha visão na psicologia e acerca da existência humana.

Como já descrevi em um dos meus artigos anteriores, minha abordagem teórica na psicologia é a chamada Existencial Fenomenológica. Uma abordagem que trás consigo correntes filosóficas que percebem o homem como um ser de possibilidades – para o existencialismo, viver é fazer escolhas, dentro de um leque de alternativas que “recebemos” todos os dias. E sobre isso, devo dizer que toda escolha está envolvida por uma carga intransferível de responsabilidade e, de igual modo, trás em si a carga pesada da finitude.

É por termos consciência de que temos um fim, a morte, é que buscamos concretizar nossos projetos e, para isso, buscamos fazer as melhores escolhas. Desta forma, é por termos consciência da morte que a vida faz sentido. É o tempo que passa que nos faz viver.

E por isso digo sobre a delicadeza e responsabilidade do trabalho com os idosos. É preciso ter tato e sensibilidade para lidar com a finitude de forma tão concreta.

Todavia, não sabia que o trabalho seria, na verdade, com os cuidadores dos idosos. Na primeira reunião escutei a demanda que dizia de um ambiente de trabalho indesejado. Haviam questões administrativas, que quando analisamos sob a perspectiva motivacional, logo sabemos que questões de necessidades básicas, de segurança, estabilidade e remuneração são os primeiros desmotivadores em um ambiente de trabalho.

Mas, como psicóloga e existencialista devo me atentar também às questões humanas que envolvem o trabalho, neste caso, do cuidador de idosos – o trabalho de quem cuida-da-dor.

O cuidador de idosos cuida de feridas existenciais que, nos dias atuais, tentam a todo modo permanecerem às escuras. Um tempo no qual há uma super valorização do novo, do belo e do funcional. O que não serve se descarta e o que não é belo não se quer ver.

Não se quer olhar para um corpo fora de forma; não se quer mais consertar a TV, o computador, ou o celular estragado; as roupas devem ser da última moda; desafia-se a morte tendo comportamentos arriscados. Tudo para mascarar a nossa angústia diante da morte.

Os cuidadores de idosos são pessoas que cuidam de um momento do qual a família não mais deu conta. Além de cuidar das feridas dos idosos, cuidam das feridas das famílias. E a deles, quem cuida? Será que eles próprios cuidam de si?

É comum que cuidadores e profissionais da saúde negligenciem o seu cuidado pessoal, muitas vezes com a desculpa de que se doam muito para o outro. Todavia, como diz o antigo provérbio, “Não se pode doar para o outro aquilo que não se tem”. É preciso cuidar da própria fragilidade, para aí sim cuidar da fragilidade do outro.

Camila Marques

 
 
 

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