O bom samaritano da Psicologia
- redepsicoterapias
- 8 de jan. de 2014
- 3 min de leitura
Olá, leitores. Este é o primeiro artigo que escrevo para a Rede Psicoterapias. Como é nosso contato inicial, acho de bom tom apresentar quem lhes escreve. Chamo-me Luiz Medeiros, estudante de psicologia desde 2011, mas admirador desta área desde meados de 2000, quando li meu primeiro livro sobre o assunto. Lembro que não entendi muita coisa, mas gostei muito. De lá para cá me tornei ávido por cada vez mais conhecimento, lendo livros, artigos, revistas, reportagens e tudo que pudesse me deixar mais próximo daquilo que tanto me atraía. Minha curiosidade parecia (e ainda parece) infinita! É justamente sobre curiosidades relacionadas à psicologia que pretendo escrever.
Uma das últimas coisas que estudei nesse tempo foi o chamado "Efeito Espectador", o qual considera que, quanto mais pessoas testemunharem alguém sofrendo, menos provável será a manifestação de ajuda. Soa um pouco cruel, não?
Imagine a seguinte situação: seu carro quebrou e seu celular está fora de área. Você acha que conseguirá ajuda mais facilmente em uma estrada ou em uma rua movimentada? Estudos mostram que você está equivocado caso pense na segunda opção. Por quê? Você já chegou a ver alguém com aparente problema no carro em alguma rua movimentada, passou, olhou e pensou: "eu poderia parar para ajudar, mas tenho certeza de que alguém vai fazer isso". Pois é, todos pensam assim. Contudo, ninguém para. Eis o “ Efeito Espectador”.
O que acontece é que, em uma multidão, sua inclinação a ajudar diminui, como se o seu senso de responsabilidade não fosse mais só seu e tivesse sido diluído entre os indivíduos do grupo. Você acha que alguém tem que fazer alguma coisa, mas como todos pensam o mesmo, ninguém faz nada.
Caso esteja surpreso, saiba que esse fenômeno já é estudado e conhecido pela psicologia há muito tempo.
Em 1973, Daniel Batson e J. M. Darley, psicólogos americanos, resolveram fazer um experimento intitulado "O Bom Samaritano". Para isso selecionaram estudantes de teologia da Universidade de Princeton, Estados Unidos, pedindo que criassem um discurso sobre a parábola bíblica do Bom Samaritano. Para quem não conhece, a temática central da parábola é acerca do ato de parar e ajudar as pessoas que precisam. Narra a trajetória de um viajante que apanha, é roubado e abandonado para morrer na estrada. Um homem e um sacerdote passam por ele, mas apenas um samaritano para a fim de ajudar.
Voltando ao experimento, os estudantes foram reunidos num local e, após preencherem questionários (estando a parábola obviamente fresca em suas mentes), foi dito para alguns indivíduos que eles estavam atrasados para apresentar o trabalho no prédio ao lado. Para outros, foi dito o contrário, que tinham bastante tempo. Durante o caminho até o outro prédio, um ator estava caído, fingindo estar doente e precisando de ajuda. Dos estudantes que tinham muito tempo, cerca de 60% parou e ajudou. Dos que estavam supostamente atrasados? Bem, apenas 10% parou para ajudar. A maioria ignorou, fingiu que não viu, chegando alguns até a pularem o corpo do ator no chão para não se atrasarem mais.
É, talvez nós não sejamos tão bons quanto pensávamos, mas não se abata por isso. Agora que já sabe, tenho certeza de que você será sempre a pessoa a se afastar do bando, quebrar a inércia coletiva e oferecer ajuda. Mesmo porque, você já sabe, poucos farão isso.
Até a próxima!
*Luiz Medeiros é carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities. Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor.
Contato: luizrjbrasil@gmail.com
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