Psicologia e convivência urbana
- redepsicoterapias
- 13 de jan. de 2014
- 2 min de leitura
Nesta nova temporada das colunas informativas da Rede Psicoterapias, irei escrever sobre uma grande paixão: a convivência urbana. Desde 2010 estou inserida no campo da educação para o trânsito e venho, cada vez mais, reconhecendo o importante papel do psicólogo para a promoção de um ambiente urbano mais saudável, principalmente nas grandes cidades.
Contudo, há de se esclarecer um pouco mais sobre este campo da psicologia, entrelaçada à psicologia social e à psicologia do trânsito: gosto de nomear como a psicologia da convivência urbana.
O psicólogo é um profissional de múltiplas facetas. Há o psicólogo clínico, o hospitalar, o escolar, o organizacional, o psicólogo social e até do esporte. Dentre estes e outros campos da psicologia, há o psicólogo inserido no trânsito, ou seja, no espaço urbano. Para discutirmos sobre este assunto, precisamos entender um pouco mais sobre o que é, então, o trânsito:
Trânsito é o conjunto de deslocamentos de pessoas, cujo objetivo é a realização de necessidades de trabalho e lazer. Cada indivíduo atua neste espaço de acordo com seus interesses, expectativas e meios, mas suas ações influem, diretamente, nas ações dos outros participantes, de forma problemática ou não.
Neste pensamento, podemos dizer que o trânsito é um ambiente relacional, onde os indivíduos exercem o direito de ir e vir e devem, portanto, respeitar os limites do próximo, as regras impostas e as DIFERENÇAS.
Note a palavra “diferenças” em caixa alta. E é assim mesmo! No trânsito todas as possíveis diferenças se encontram. Há homens e mulheres; crianças, adolescentes, adultos e idosos; ricos e pobres; atletas e deficientes, deficientes atletas, enfim... todas as diferenças, que devem ser respeitadas.
Além das diferenças sociais e subjetivas, há também as diferenças de papéis. Os papéis desempenhados no trânsito são: motorista, passageiro, pedestre, ciclista e também o profissional, aquele que trabalha no trânsito. É o papel que irá definir como cada pessoa deverá se comportar neste espaço, quais regras deverá seguir e de quais meios irá utilizar.
O grande problema é que esta união de diferenças muitas vezes pode ser conflituosa. É que, como disse anteriormente, mesmo que o objetivo seja único (o de deslocamento), cada indivíduo atua de modo particular. Cada um com o seu motivo, considera que precisa chegar primeiro. Mas se por um lado, alguns estão com pressa, outros só querem passear. Daí surge a intolerância, a violência, o estresse, alimentado por uma sociedade de consumo e competitiva.
Assim chegamos ao importante papel do psicólogo do trânsito. Este é um profissional demandado à compreender os conflitos, considerando os atributos pessoais, familiares, sociais e econômicos, que contribuem para o funcionamento do ambiente. Dentre suas ações estão a pesquisa, a avaliação psicológica, a educação e também a formulação de políticas públicas que garantam que os direitos de cada cidadão sejam cumpridos.
Agora você já sabe que no trânsito também há o divã do psicólogo. Mas lembre-se, o mais importante é ter a consciência de que em um espaço de todos, as responsabilidades também devem ser compartilhadas por todos.
Camila Marques é psicóloga graduada pelo Centro Universitário Newton Paiva de Belo Horizonte. Atua no campo da psicologia clínica e da educação, com considerável prática no campo da educação para o trânsito. Escreve para a Rede Psicoterapias às segundas sobre psicologia e convivência urbana.
Contato: camilamarques.psi@hotmail.com
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