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Qualidade de Vida no Trabalho

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 14 de jan. de 2014
  • 5 min de leitura

Falar de qualidade de vida no trabalho – QVT - é falar de um conceito que está, ainda, em construção, visto que em sua complexidade e abrangência, estamos tratando de um tema que provém da subjetividade humana. Mas, bem sabemos que, para se criar um conceito, devemos ampliar sua contextualidade, levando do micro para o macro tal entendimento. Isso faz com que haja melhorias nos âmbitos social, cultural, profissional, econômico, etc.

Na história do homem, vemos que o próprio trabalho funda o conceito de homem, visto que é através do próprio trabalho (forma de buscar meios de sobrevivência na natureza), que este se sobressai a tal entendimento. Dessa forma, podemos entender melhor o trabalho como uma categoria inseparável do homem, e, sobretudo, um fator mediador da relação homem e natureza. Historicamente, podemos perceber a preocupação em se estabelecer melhorias nas condições de trabalho datadas desde que o homem exerce sua função de luta pela sobrevivência. Euclides (300 a.C.) de Alexandria, usava seus conhecimentos sobre os princípios da geometria afim de que os mesmos servissem de inspiração para a melhoria do método de trabalho dos agricultores à margem do rio Nilo (VASCONCELOS, 2006). Já Arquimedes (287 a.C.) criou a Lei das Alavancas, para diminuir os esforços físicos dos trabalhadores. Inúmeros foram e são os esforços do homem em prol da melhoria da qualidade de vida no trabalho, concomitantemente à qualidade de vida pessoal, fato comprovado pelas diversas ciências que tratam tal tema.

Sendo o homem um ser social, buscamos tratar o tema qualidade de vida no trabalho através do enfoque biopsicossocial, que trata o homem através de uma visão holística, ou seja, visto e avaliado como um todo, diferente da visão cartesiana, que desmembra esse homem e os fatores de sua vida. Sabemos hoje que as diversas áreas da vida humana interagem entre si, e interferem entre si no contexto geral. Esse olhar representa um fator diferencial para a realização do diagnóstico na organização, para elaboração das campanhas e implementação de projetos voltados para a preservação e desenvolvimento das pessoas, durante o trabalho na empresa.


Tais premissas, nos permitem compreender a máxima de Politzer, quando nos fala que “...não é a consciência que produz a existência; é a existência que produz a consciência...”, onde vislumbramos que é através da prática e das experiências vividas que é possível se modificar o modos e meios de vida; comprovando, assim, que o homem como um sujeito desejante, ele é produto e produtor do meio, além de ser um indivíduo normativo e renormativo. Isso é ainda mais relevante quando pensamos na organização como um elemento vivo, transformado constantemente pelo próprio homem, que realiza seu trabalho, através da normatização e renormatização, porém sempre buscando formas de realizá-lo com mais satisfação, melhores condições de trabalho, além das questões das relações humanas, através do convívio social. Isso nos diz que o homem busca sentido no trabalho, e que, mais uma vez, quando enrijecido, o trabalho traz o adoecimento.


O termo QVT – qualidade de vida no trabalho – propriamente dito, tornou-se publico, à partir da década de 70, delineando as pesquisas do professor Louis Davis (Ucla, Los Angeles), devido a crescente preocupação dos EUA com a competitividade internacional e a preocupação com o sucesso gerencial e tecnológico dos programas de produtividade japoneses.


Para tanto, na tentativa de entender o conceito de gestão buscamos em Ansoff (1977), tal definição: “Gestão refere-se ao processo ativo de determinação e orientação do caminho a ser seguido por uma empresa para a realização de seus objetivos, compreendendo um conjunto de análises, decisões, comunicação, liderança, motivação, avaliação e controle entre outras atividades próprias da administração”.


Isso nos possibilita compreender a QVT, em seu contexto interdisciplinar, associada a outras ciências, tais como área da saúde, no que tange a preservar a integridade física, mental e social do ser humano. Prevenção e não apenas remediar. Através da Ecologia, onde o homem é parte integrante e responsável pela preservação dos seres vivos e insumos da natureza. Através da Ergonomia, ligada às condições de trabalho e à subjetividade das pessoas. Fundamenta-se na medicina, na psicologia, na motricidade e na tecnologia industrial, visando o conforto da operação. Citamos também a Psicologia, onde são avaliadas as atitudes, comportamentos, subjetividade, significado, sentido do trabalho, necessidades. Além da Sociologia, que busca resgatar a dimensão simbólica do que é compartilhado e construído socialmente; da Economia, através da conscientização de que os bens são finitos e envolve questões que responsabilizam sobre o equilíbrio e os direitos da sociedade; a Administração, que visa aumentar a capacidade de produzir e mobilizar recursos para atingir resultados, ambiente mais complexo, mutável e competitivo e da Engenharia, que elabora formas de produção, uso de tecnologias, organização do trabalho e controle de processos. (VASCONCELOS, 2006).


Todavia, ousamos citar a definição de QVT da professora Ana Cristina Limongi França, por sua abrangência de entendimento, e que possivelmente nos permite trabalhar com toda a interdisciplinaridade cabível da QVT: “Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) é uma ferramenta de gestão de uma empresa que envolve melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho”.


Contudo, sabemos das dificuldades encontradas para se estabelecer os programas de QVT nas empresas, diante dos obstáculos impostos.

“(...) existe uma grande distância entre o discurso e a prática. Filosoficamente, todo mundo acha importante a implantação de programas de QVT, mas na prática prevalece o imediatismo e os investimentos de médio e longo prazo são esquecidos”. (Prof. Lindolfo Galvão de Albuquerque – FEA / USP (Limonge e Assis, 1996: 28).


Domenico De Masi (2000) também nos apresenta suas perspectivas sobre o desafio da QVT: “O novo desafio que marcará o século XXI é como inventar e difundir uma nova organização, capaz de elevar a qualidade de vida e do trabalho, fazendo alavanca sobre a força silenciosa do desejo da felicidade”...


Ponderamos aqui a definição de felicidade, a que pode ser “esperada” por cada indivíduo num local de trabalho. Mas, perseveramos num encontro de situação de satisfação e busca de melhorias contínuas a respeito do bem-estar que pode ser criado no ambiente de trabalho. Diante das experiências práticas no exercício da implementação da QVT nas organizações, comungamos da máxima de Silva e De Marchi, 1977.

“A adoção de programas de qualidade de vida e promoção da saúde proporcionariam ao indivíduo maior resistência ao estresse, maior estabilidade emocional, maior motivação, maior eficiência no trabalho, melhor autoimagem, e melhor relacionamento. Por outro lado, forças de trabalho mais saudáveis, com menor absenteísmo, menor rotatividade, menor número de acidentes, menor custo de saúde assistencial, maior produtividade, melhor imagem e melhor ambiente de trabalho”.


Concluímos que a QVT vai ganhar forças ainda mais, quando as empresas usufruírem de uma experiência a respeito da mesma. Sobretudo, percebam que a QVT não é uma ferramenta emergencial, e sim constante. É preciso que se crie a consciência de que no local de trabalho, onde passamos a maior parte de tempo das nossas vidas, seja natural sentir-se bem, seja um lugar saudável para a execução do trabalho, e que não seja percebido como uma utopia, trabalhar num local onde seja plausível passar as horas executando, criando e recriando com satisfação e sentido de realização. Enfatizando mais uma vez: a QVT é um processo constante, portanto as melhorias são constantes, e aparecerá sempre o que melhorar seja no âmbito físico, seja no âmbito das relações humanas. Dessa forma, outras questões de grupos devem ser levadas em consideração como clima e cultura organizacional, relacionamento interpessoal, gestão de tempo, planejamento, boas condições de trabalho, oportunidades e reconhecimento. Redundante no aspecto da definição de Limongi, a QVT é uma ferramenta de gestão que envolve as melhorias tecnológicas e gerenciais de uma empresa. Desmembra-se, portanto, um complexo de atividades e serviços a serem realizados.


E-mail: http://www.karinacampos.com.br

 
 
 

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