Responsabilidade
- redepsicoterapias
- 16 de jan. de 2014
- 3 min de leitura
Essa é a primeira coluna do site, e achei importante apresentar-me aos leitores. Antes disso, gostaria de introduzir alguns pensamentos. Passei algum tempo pensando se escreveria em primeira ou terceira pessoa, se utilizaria uma linguagem mais jornalística ou algo mais pessoal, e acabei decidindo pela segunda opção. Imaginei que me tornaria mais próxima de quem estivesse lendo, quase num diálogo, e seria mais simples para ambos, o que nos traz ao segundo ponto. O segundo ponto vem da ressonância do trecho: “Quem estivesse lendo”. Isso pressupõe que eu teria leitores, e Iniciar qualquer trabalho pressupondo sucesso me soa presunçoso. fiquei com um pé atrás comigo mesma, com medo, o que me inspirou ao tema da coluna de hoje. Bem, sou a Sabrina, estudante de Psicologia da PUC-SP, mineira e paulistana, simultaneamente. Nunca escrevi nada ligado à psicologia fora do mundo acadêmico, embora a escrita seja um dos principais motivadores pelo meu ingresso na área. Sendo assim, será desafiador encontrar uma linguagem que seja clara e objetiva, além de temas interessantes. Atualmente realizo estágio nas áreas clínica e jurídica e optei por escrever sobre cotidiano e contextos de crise em Psicologia. Falarei mais sobre o conceito de crise em outra oportunidade. Por ora, a “crise” que me inspirou a escrever essa coluna inicial foi a responsabilidade versus a angústia de ter leitores, como iniciei acima. Escrever não é novidade para mim, mas publicar é recente e escrever sobre Psicologia é totalmente novidade. A filósofa Hannah Arendt fazia uma ligação entre responsabilidade e autoridade, afirmando que na educação o educador inspiraria autoridade diante dos estudantes somente quando este fosse capaz de assumir para si a responsabilidade sobre o conhecimento que transmitia. Ia além ao afirmar que só seria capaz de educar, e nisso envolve também pais, aqueles que fossem capazes de assumir para si a não somente a responsabilidade sobre sua fala, mas também sobre a continuidade do mundo. No que isso tem relação com esta coluna? Não sou uma autoridade em Psicologia, mas cada palavra que escrever nesse texto será ligada à Psicologia como verdade por um leitor leigo, e é minha responsabilidade o que transmitirei aqui. Talvez nunca chegue o momento em que a gente se julgue bom o suficiente para fazer algo, como pronto o bastante para ter um filho, tranquilo para voltar a estudar, estável para se arriscar, interessante para aquela pessoa, inteligente para tal conversa. Arrisco dizer que nunca estamos completos porque vivemos em função desse algo que nos falta. E ainda assim, nossas escolhas são temperadas sempre por essa tal responsabilidade, o que pode tornar difícil começar algo novo, visto que seremos responsáveis também por um possível fracasso. No meio dessa falta e da inteira insegurança, arrisquei-me a aceitar o desafio de estar aqui. Arrisco-me a querer leitores porque assumo a responsabilidade sobre o que estará por aqui, de coração aberto às eventuais críticas, elogios e sugestões que vierem. E, se você está lendo essa coluna e tiver alguma sugestão de tema, algo que queira saber, piada ou receita de bolo, esteja à vontade. Esse espaço é de construção conjunta. Até breve! Para saber mais: Arendt, H. Entre o passado e o futuro. São Paulo: Perspectiva, 2001.
*Sabrina Lima é estudante de psicologia pela PUC-SP, é colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às quartas-feiras sobre cotidiano e contextos de crise em clínica ampliada. Além da Psicologia, é amante de música e das palavras, e atualmente se dedica ao estudo da escrita e suas formas de expressão como recurso terapêutico.
E-mail: slima.psi@outlook.com
































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