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A morte no século XXI

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 20 de jan. de 2014
  • 3 min de leitura

A morte é um tema delicado e difícil de ser tratado, por ter uma conotação muito negativa em nossa cultura. Mas um exame atento da história mostra que nem sempre foi assim.


A morte nem sempre foi vista como um evento ruim e evitado, como pode ser visto ao se estudar diferentes povos. Em muitas sociedades antigas, a proximidade da morte não causava horror, muito menos a busca de adiantá-la ou retardá-la, como vemos hoje. Ela era aguardada de forma simples e tranquila.


Hoje é um tabu, um assunto que ninguém discute. Logo, tem-se pouco contato até que ocorra com cada um. O pavor está relacionado à falta de qualquer trabalho educativo que prepare o sujeito para enfrentar, entender e se confrontar com ela ao longo da vida de maneira reflexiva, atribuindo-lhe novos significados. Especialmente profissionais da saúde, que deveriam ter uma preparação especial para lidar com tais situações, tampouco estão capacitados para dar apoio a pacientes cuja morte é iminente e a seus familiares.


Um grande obstáculo para o enfrentamento saudável é a ideia de que “a ciência combate a morte”, e de que ela é um fracasso, uma falha no exercício médico. Os que estão junto ao enfermo tendem a buscar o prolongamento da vida sem questionar o que seria melhor para aquela pessoa que está por trás da doença. Se a medicina realmente acredita ser capaz de exterminar a morte e prolongar a vida em qualquer caso (mesmo a custo do sofrimento do paciente), poderíamos nos perguntar se o nosso conceito de vida não está um pouco equivocado... Talvez os aparelhos que mantêm a vida à custa (muitas vezes) do entorpecimento dos sentidos, não permita ao homem ser sujeito até o fim de sua vida.


Como temos dificuldade em entender que a morte faz parte do processo de vida, que é uma necessidade da natureza, ela é vista como inimiga. Assim, há uma formação deficitária dos profissionais de saúde, já que muitas vezes falta humanização e sensibilidade para tratar deste tema. Aprender a enfrentá-la, então, acaba ocorrendo informalmente, no cotidiano, em atendimentos, através dos profissionais que já têm contato com a morte há mais tempo.


Para saber lidar com a morte melhor, precisaríamos de uma verdadeira “Educação para a Morte” (título do livro de Maria Julia Kóvacs, responsável pelo Laboratório de Estudos sobre a Morte (LEM) da USP). Essa educação deveria fazer parte de toda a vida, e implica uma preparação para a morte, a própria e a dos demais.


Em qualquer cultura o homem anseia possuir integridade, dignidade e um sentido para a própria vida. E isso está muito relacionado ao sentido que atribui à morte. Podemos, portanto, pensar em um desenvolvimento permanente que nos faça refletir não só como profissionais de saúde, mas como seres humanos. Qual será o sentido da vida, e do seu término? Aprender cotidianamente – com a vida e a morte - e conhecer cada vez mais o seu valor pode nos ajudar a enfrentar essas situações e a estar cada vez mais profundos, maduros e felizes.



*Este texto é um trecho adaptado do Trabalho de Conclusão de curso de Denise C. Machado para obtenção do grau de Psicólogo na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). O título é “PROFISSIONAIS DE SAÚDE EM UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA DE IDOSOS: LIDANDO COM A MORTE NO COTIDIANO”.


**Denise Machado é psicóloga formada pela Universidade Federal de São Paulo. É colunista da Rede Psicoterapias, onde aborda temas relacionados à psicologia do trabalho e o trabalho com o idoso, às segundas-feiras.


 
 
 

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