A hora certa
- redepsicoterapias
- 29 de jan. de 2014
- 3 min de leitura
Muitos me perguntam qual é a hora certa de ir ao psicólogo. Ou então: "Você acha que eu preciso ir ao psicólogo?" Na maioria das vezes respondo com algo que pode confundir ainda mais a cabeça de quem pergunta: "Depende, você acha que precisa?"
Para quem quer uma resposta pronta ou um empurrãozinho, pode não ser uma boa resposta, mas infelizmente é algo que não podemos responder pelo outro, pois o único que saberá qual é a hora certa de começar um processo terapêutico é você. Geralmente, a maioria das pessoas procura ajuda quando não encontra mais nenhum recurso para lidar com a questão que lhe incomoda ou quando tudo que era possível fazer já não serve mais. E isso não significa que é fácil pedir ajuda. Ainda assim, é preciso que o indivíduo seja capaz de dar o primeiro passo.
Costumo brincar dizendo que o psicólogo não bate de porta em porta fazendo propaganda de seus serviços justamente por isso (e aproveito para ressaltar que propaganda não é permitida por nosso código de ética), porque a atitude de dar esse ”primeiro passo” já constitui um grande caminho em relação ao processo terapêutico. Quando se percebe que existe algo que incomoda e que você gostaria de olhar para isso de modo diferente, a mudança já está acontecendo. E se aproveitar esse momento e buscar ajuda de um profissional bacana, certamente poderão fazer um bom trabalho juntos.
Pode ser muito difícil tomar essa decisão ou agendar a primeira conversa. Não é fácil nem mesmo para nós, estudantes de Psicologia, que julgamos conhecer bem nossas “pendências psíquicas”! Empecilhos podem aparecer e é comum desistir no meio do caminho, ou mesmo se justificar priorizando outras questões diante desta. Às vezes sabemos que estar em psicoterapia pode envolver coisas nem sempre tão positivas, e tudo bem ter medo disso.
Digo também que para arrumar a casa normalmente temos que bagunçar um pouco, mexer nos armários e limpar o que está escondido lá no fundo. Dá trabalho,, leva tempo. Mudar é um processo complexo, e também é preciso respeitar o tempo de cada um para que isso aconteça. Isso vale para quando conhecemos alguém que precisa de ajuda, mas ainda assim não está disposto, e forçar a barra pode prejudicar as relações.
Há ainda uma questão que escuto: "Será que isso que tenho é um problema?", "Fulano está lidando com isso e aquilo, ah, eu não preciso de um psicólogo, não tenho problemas grandes o bastante para precisar de um psicólogo!". Pois é, saiba que não existe tamanho de problema. O tamanho do problema é o quanto ele faz você sofrer, o quanto impacta em seu cotidiano, em sua vida pessoal ou profissional. A Psicologia é para todos os públicos e todas as questões, e certamente você encontrará um profissional capaz de atender aquilo que necessita – se não for o primeiro que conversar, talvez seja o segundo, e assim por diante. Digo isso em relação às diversas abordagens da Psicologia, preços e outras questões que você pode encontrar. Mas o mais importante é saber que estamos de braços abertos para receber qualquer questão, quando for, respeitando o tempo de cada um.
*Sabrina Lima é estudante de psicologia pela PUC-SP, é colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às quartas-feiras sobre cotidiano e contextos de crise em clínica ampliada. Além da Psicologia, é amante de música e das palavras, e atualmente se dedica ao estudo da escrita e suas formas de expressão como recurso terapêutico.
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