À procura da felicidade: o que você quer da vida?
- redepsicoterapias
- 29 de jan. de 2014
- 4 min de leitura
Dizem que falar de felicidade é assunto para toda vida. Concordo. Acredito que todas as questões da vida humana podem ser discutidas “eternamente”. Sobretudo o que sentimos, o que nos agrada ou desagrada, nos tras alento ou desalento, nos tras afeto ou desafeto, alegrias ou tristezas, prazeres ou desprazeres, etc. Afinal, todas essas questões envolvem nossas percepçoes e cada um de nós vai perceber, sentir, pré-julgar, experienciar e vivenciar de forma diferente e única.
Este tema nos leva a fazer questionamentos sobre o que é essa felicidade buscada – culturalmente - hoje nas nossas vidas. Será que estamos buscando a felicidade nas prateleiras do mercado? Amplie aí, o conceito de mercado. É no mercado do mundo que se encontra a felicidade ou no mundo de cada um de nós? É um estado de ter, de ser ou de sentir? A felicidade nos dias atuais nos parece algo quase que inalcançável, calcada na realização dos desejos. A cada dia se almeja algo diferente e há a constante busca pela concretização do que se quer. Deixa-se de pensar numa disposição estável de sentir apenas, de viver como se é e como se está. A felicidade comercializada quer modificar a todo tempo o que se é e o estar. Parece inconcebível a fluidez simples de apenas vivenciar com o que se tem e o que se é. E essa questão torna a vida cada vez mais desesperada pela corrida pela felicidade, porque ela tras uma máxima de que “eu serei feliz quando” (passar no vestibular, terminar um curso, comprar tal roupa, tal mochila, quando viajar para tal lugar, quando fizer mestrado, quando adquir um carro, uma casa, quando ocupar tal cargo, tal emprego, tiver a profissão X, Y ou Z…) e a felicidade é sempre quase alcançada, porém, diante de tal realização, logo se almeja desejar outros desejos e essa felicidade não foi sentida, não foi experienciada, não foi vivida, porque para ser feliz mesmo é de outra realização que se precisa, e sempre outra e mais outra…
Quando penso na qualidade de vida das pessoas, em seus sonhos e caminhos para a realização destes, penso sempre no poder transformador do trabalho sobre cada indivíduo, e repito, essa é uma transformação gradativa que ocorre naturalmente. Porém, não tenho outra alternativa senão enfatizar as escolhas que as pessoas fazem para si mesmas. Creio que os teres nunca sobressairão aos seres. Mas, sobretudo, há aí, uma relação concomitante de realização entre ter e ser, visto que tudo é parte de tranformação dos indivíduos.
Noutro viés, presenciamos um mundo onde as pessoas são obrigadas a serem felizes, e disponibilizar sua felicidade nas redes sociais, sempre sorrindo, desfrutando de uma felicidade certeiramente estampada a todo momento, a cada publicação.
Ser feliz é uma exigência do mundo moderno porque a felicidade se tornou comprável, e cada desejo do ser humano é realizável. A frustração humana se torna cada vez mais difícil de ser sentida e cada vontade “deve” ser realizada. Embora, saibamos que as frustrações nos garantem saúde mental e psíquica, e que o “não” é necessariamente saudável.
As crianças, por exemplo, demonstram uma mudança de comportamento em relação à outras gerações, onde percebemos que elas não se divertem com um único brinquedo num processo lúdico duradouro, mas sim querem a tempo recorde brinquedos diferentes para a satisfação da curiosidade e não da afetividade pelo brinquedo ou pelo brincar, usufruindo daquele momento. Desfrutar por longo tempo vem se tornando descartável. E assim, consequentemente, outros âmbitos da vida vão sendo afetados, porque a troca é certa, assim que uma frustração acontece. Como exemplo, lembro-me de uma propaganda que vi poucas vezes na televisão, onde um senhor idoso estava com um martelo e um carrinho de madeira na mão, e seu netinho chega questionando:
- Vovô, como o senhor está há tanto tempo casado com a vovó? Aquele homem eleva um olhar sereno que paira sobre a criança e diz com um sorriso calmo:
- É filho! É que na minha época usava-se consertar as coisas.
Bom, dizem que para bom entendedor meia palavra basta, não é? Certamente que as gerações mudam, que temos inovações referentes a inúmeras questões, mas acredito que todos os contextos, inclusive essa nova era digital interferem na construção e tranformação da subjetividade. Vivemos trocando tudo: o celular antigo pelo cada vez mais avançado, o computador por outro melhor, com maior capacidade, mais memória, a máquina fotográfica por outra com mais funções, etc. e estas buscas, ocasionalmente trazem para a vida das pessoas uma inquietação, um desassossego de buscar incessantemente a “novidade” que ocupará o lugar do que se tornou “antigo / ultrapassado / frustrante”. Ou seja, a felicidade parece estar no prazer.
Enfatizo, não sou contra a evolução, o desenvolvimento, as inovações tecnológicas, a criação de ferramentas para a vida, mas busco aqui trazer à reflexão:
Afinal, você sabe para onde está correndo? Você sabe onde quer chegar? Sabe o que quer da vida? Você está à procura da felicidade? Que felicidade é essa? Pare, respire, dê uma espreguiçada, relaxe seu corpo onde estiver agora… Comece a refletir.
A minha filha de dois anos chega-me vez em sempre e diz:
-Mamãe, eu estou feliz e você?
Eu a olho e todo o resto que ocupava minha mente até àquele momento se perde… naquele intante estou feliz, sim, como não?
Equilibre-se, conheça-se e seja feliz!
*Karina Campos é Psicóloga, especialista em Psicologia Organizacional e do Trabalho. CEO da Semear Saúde Ltda. Palestrante Motivacional e Consultora em Qualidade de Vida no Trabalho.
www.karinacampos.com.br
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