Saúde Mental e Trabalho
- redepsicoterapias
- 3 de fev. de 2014
- 2 min de leitura
Sabemos que o termo “saúde” não designa apenas a ausência de doença, mas um estado em que o sujeito é capaz de viver com qualidade, física e mentalmente, e de desenvolver continuamente as suas potencialidades. Já quando falamos em saúde mental, nos referimos principalmente às esferas cognitiva e emocional do homem.
O trabalho está presente em várias espécies de animais. As formigas, por exemplo, têm uma função específica que contribui para todo o coletivo. A divisão de tarefas e o trabalho organizado são necessários para a manutenção das colônias, e o desenvolvimento dessas habilidades é intrínseco à espécie.
No cotidiano do homem, o trabalho possui um refinamento. Além de permitir a vida em sociedade, representa um campo de aprimoramento constante, onde a criatividade e as construções interna (da consciência humana) e externa (em criações objetivas) se encontram no caminho da auto-realização. O seu papel é bastante importante, não só pelo tempo em que passa trabalhando, mas pela potência de transformação que encerra, quando em condições ideais.
Por essa razão, quando o sujeito se encontra em um tipo de trabalho que não ofereça a oportunidade de criar, pensar, crescer, sentir-se útil e responsável por algo, e, pelo contrário, seja extremamente exigente ou mecânico, não atenda às expectativas, ou ainda sujeite-o a humilhações e ofensas constantes, ele pode estar preso a condições que vulnerabilizam ao invés de promover saúde. Inclusive, podem adoecer, gerando doenças físicas e transtornos psíquicos, uma vez que a saúde mental é uma dimensão do ser ligada às emoções, ao corpo e às relações humanas.
O desgaste no trabalhador pode se manifestar como fadiga, estresse, distúrbios do sono, irritabilidade, angústia, bem como ocasiona acidentes, que podem ser graves e/ou fatais, dependendo do ambiente e modalidade de trabalho. Alguns transtornos mais comuns relacionados ao trabalho são: depressão, transtorno de estresse pós-traumático, alcoolismo, burn-out, dentre outros.[1]
É importante que o trabalhador consiga identificar estes sinais no cotidiano e possa buscar ajuda. No entanto, faz falta que as organizações se comprometam com a integridade do trabalhador – não só física, mas também na esfera psicossocial – oferecendo suporte e apoio dos profissionais ligados a saúde ocupacional (médico, enfermeiro, psicólogo, segurança do trabalho, assistente social). Conhecendo que aspectos do trabalho estão prejudicando os colaboradores da empresa, é possível planejar medidas de prevenção coletiva e ações efetivas na promoção de saúde de forma integral.
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[1] Voltaremos a abordar esse tema nas próximas colunas relacionadas à Saúde do Trabalhador.
*Denise Carvalho é formada em Psicologia pela Universidade Federal de São Paulo. Em 2012, atuou como estagiária em uma instituição de longa permanência, e em 2013, no hospital Santa Casa de Misericórdia, na área de Saúde do trabalhador, em Santos-SP. Hoje atua na área Clínica, com atendimentos individuais para todas as idades e acompanhamento terapêutico e dá aulas de Psicologia Aplicada ao Trabalho em curso de Técnico de Segurança do Trabalho. Escreve como colunista da Rede Psicoterapias às segundas-feiras.
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