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O doce prazer de estar certo

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 5 de fev. de 2014
  • 4 min de leitura

Olá, querido leitor, tudo bem? Hoje vamos falar do “Viés de Confirmação”. O tema é relativamente conhecido, tendo eu mesmo já encontrado informações sobre o tal em, pelo menos, três livros e diversos artigos. Todos explicavam muito bem do que se tratava, usando termos técnicos bem precisos e apresentando experimentos complexos, mas não faziam algo básico: propor uma tentativa de evitá-lo. Esse artigo é para você que quer tentar ter uma visão além do filtro do “Viés de Confirmação”.


Imagine (ou lembre) a seguinte situação: você acaba de terminar um relacionamento. Está naturalmente triste, afinal, investiu muito e realmente gostava da pessoa. Os dias vão passando e você vai gradualmente tentando se desligar, esquecer, enfim, dar a volta por cima. Aí, alguns meses depois, descobre que vai passar no cinema a sequência daquele filme que a pessoa adorava. Coincidência. Após alguns dias, você liga o rádio do carro e está tocando uma música do grupo de que ela é fã. “Estranho isso” – pensa. Então passa por uma banca de jornal e vê que o piso salarial da profissão dela vai aumentar. Logo chega em casa e, ao acessar o facebook, vê uma atualização dela falando de amor. “Ah não, não é possível! O que está acontecendo aqui? Será que devo procurá-la? Será que ela me quer de volta? Será que o universo está tentando me dizer algo?”. Não, não está. Trata-se apenas do “Viés de Confirmação” agindo em sua mente.


Desde o fim do seu relacionamento, vários filmes foram lançados, infinitas músicas tocaram nas rádios, diversas notícias saíram nos jornais e, acredite, não é incomum as pessoas postarem coisas de amor nas redes sociais! A questão é que você descartou todas as outras informações e, no meio do caos, filtrou apenas as partes que apontavam para o que estava no topo do seu cérebro.


Convivemos com versões passivas do fenômeno, como a demonstrada acima, todos os dias. Quando queremos um carro novo, passamos a ver o modelo com frequência nas ruas. Quando se está para ter um bebê, surgem bebês por todos os lados. Isso é comum. O problema é quando o “Viés de Confirmação” começa a distorcer a sua busca por fatos.


Jornalistas, publicitários, comentaristas, formadores de opiniões, cientistas, entre outros, são pessoas que fornecem combustível para as suas crenças. Elas tentam filtrar informações de forma que se alinhem às suas noções pré-concebidas. É assim que funciona. Você não os acompanha para saber coisas novas, mas sim porque eles falam o que você quer ouvir. Você não está atrás de informação, mas de confirmação! Eles não apenas sabem disso, como podem usar esse trunfo para te persuadir.


Hoje em dia, o Google é um dos grandes fomentadores do “Viés de Confirmação”. Por exemplo, se você não acredita que o homem já pisou na lua, vai pesquisar e, em poucos segundos, encontrará centenas de páginas com "especialistas" concordando contigo. Por outro lado, caso acredite que o homem pisou na lua, vai pesquisar e encontrar vários outros falando o mesmo e apresentando "provas" disso. O fato é que não importa o quão absurda possa ser a teoria que povoa sua mente, uma vez querendo encontrar alguma evidência que confirme-a, encontrará.


Se depois do que leu até aqui você ainda pensar que está acima disso, saiba que este é um outro mecanismo de autoilusão (que pretendo abordar posteriormente). De qualquer forma, todos nós conhecemos alguém que foi ao médico "sabendo" o que tinha e, quando o doutor lhe disse o contrário, alegou que o diagnóstico estava errado; ou alguém que achou um número de telefone aleatório no bolso do namorado e ligou, pois teve certeza de que era de uma amante; ou até mesmo alguém que tenha procurado por um horóscopo ou por uma cartomante para ouvir que esse ano vai ser de muitas lutas e vitórias. Como já disse, você não busca informação, e sim, confirmação.


Lutar contra aquele que é conhecido como um dos mais arraigados bloqueios mentais não é fácil, mas também não é impossível (e saber que ele existe já ajuda bastante). Controlar melhor a sua vontade de estar sempre certo é o primeiro passo. Muitas vezes, o prazer de ter razão prevalece e você acaba por refutar qualquer informação que te tire desse estado de gozo e orgulho. Tente ir contra isso. Caso contrário, com o tempo e por nunca procurar o antitético, você ficará confiante a ponto de que ninguém consiga dissuadir sua visão de mundo, o que faz com que se torne, no mínimo, uma pessoa inflexível, fechada e inacessível. Na ciência, você está mais próximo de um resultado genuíno e verdadeiro quando também procura por evidências contrárias ao que se deseja provar. O mesmo princípio talvez devesse ser usado para formar suas opiniões a partir de hoje. Pense nisso.


Até a próxima.




Luiz Medeiros É carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities. Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor.


E-mail: luizrjbrasil@gmail.com

 
 
 

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