Esperança
- redepsicoterapias
- 6 de fev. de 2014
- 4 min de leitura
Perspectivas, expectativas, olhares, possibilidades, caminhos, probabilidades. Na lida com meu ser já antevêem os próximos a mim que não poderia ser outro o mito de hoje a não ser “A caixa de Pandora”. Em sequência do texto anterior, que concluímos falando de esperança, trataremos sobre um dos poderes latentes do Homem: a Esperança.
A História mitológica abarca diversas versões. Esta mística abrange diversos personagens, num grande território, é dividida em várias cenas e inicia-se com outros percalços que os contemplarei em outras publicações.
Referenciando o mito de hoje, principia-se com uma chama, na verdade, com o apanhado de uma centelha do fogo por Prometeu (o que vê antes ou prudente, previdente). O fogo, segredo mantido pelos Deuses, significa a inteligência para construção e defesa. Prometeu entrega-o aos humanos. Tal atitude enfureceu o rei dos Deuses – Zeus – que invoca uma vingança.
Zeus ordenou que criasse uma mulher que fosse perfeita, e que a apresentasse à assembléia dos deuses. Atena, a deusa da sabedoria e da guerra, vestiu essa mulher com uma roupa branquíssima e adornou-lhe a cabeça com uma guirlanda de flores, montada sobre uma coroa de ouro.
Hefesto (o deus da tecnologia, dos ferreiros, artesãos, escultores, metais, metalurgia, fogo e dos vulcões) conduziu-a pessoalmente aos deuses, e todos ficaram admirados, dando-lhe, cada um, um dom particular. Depois que todos os deuses lhe deram seus presentes, ela recebeu o nome de Pandora, que em grego quer dizer "todos os dons".
Zeus deu-lhe uma caixa bem fechada contendo vícios, males como a doença, a guerra, a velhice, a mentira, a praga, os roubos, o ódio, o ciúme, a paixão, entre outros em seu interior e apenas um único dom, a esperança. Então Zeus presenteia Prometeu com Pandora e sua caixa, mas ele recusa ambas.
Ainda mais furioso Zeus acorrentou Prometeu a um monte e lhe impôs um castigo doloroso, em que uma ave de rapina devoraria seu fígado durante o dia e, à noite, o fígado cresceria novamente para que no outro dia fosse outra vez devorado, e assim por toda eternidade.
Epimeteu (o Deus inconseqüente ou o que vê depois) – irmão de Prometeu – casa-se com Pandora. Movidos pela curiosidade, abrem a caixa enviada como presente, espalhando todas as desgraças sobre a humanidade. De pronto fecham-na, restando em sua profundeza somente a esperança.[1]
Em cada Ser Humano existem poderes latentes, habilidades, desenvoltura, destreza, capacidade, aptidão, competência, disposição. E é de sua responsabilidade a escolha em atribuir-lhe ou não as virtudes ou os vícios; ser águia ou galinha. O que importa não é o que você gostaria, mas o que você faz. Suas atitudes determinam sua verdadeira escolha. Suas atitudes são frutos das crenças que você tem. Enquanto as mantiver do mesmo jeito, os fatos em sua vida continuarão se repetindo.
O cerne etimológico da palavra esperança esboça-nos duas perspectivas do latim: uma exspectare, significando espera. Expressa a crença em expectativas ilusórias, destituídas de ação. Tal definição repercute a pequenez que há no Homem, incapaz de germinar em seu interior o necessário: a consciência.
Há questionamentos sobre a política que desestimulam a sociedade. Mas as discussões devem permear a amplitude de todos os olhares. Há que ter esperança e fé nos nossos representantes políticos. Não se deve titular todos os políticos como ladrões e corruptos causadores das mazelas que há no mundo.
Tendo ciência de que nós Seres Humanos somos imperfeitos por natureza e refletindo sobre as dificuldades da vida, podemos perceber como há oportunidades para o aprendizado e para o crescimento.
Existe a compreensão de esperança também do latim spes com o significado de confiança em algo positivo. Pode ser entendida como uma crença emocional, que possibilita resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida pessoal. Intempéries tais que nos aproximam da fé.
Prezando o equilíbrio entre o Eu interior e o Eu exterior virá à conscientização. A serenidade, que prova a fé e remove montanhas, traz o equilíbrio. O equilíbrio traz a saúde física e mental. Enfim, pode-se assumir o comando de sua vida e rever as crenças de forma a enfrentar os desafios da vida através da sucessão de lições que têm que ser vividas para serem compreendidas. [2]
Ter esperança é ter fé que é possível a convivência entre Homens Bons e melhores, em um mundo melhor. Cultivando o tesouro da esperança é possível o despertar para o progresso através da luta pela reforma íntima.
Devemos pautar os atos da vida dentro de uma conduta reta, uma lacuna dentro deste loco social promovendo a dignidade permeada pelas virtudes. Tais ações percebo que permeiam o ‘Religare’: união.
[1] CABRAL. João Franscisco P. Caixa de Pandora.
[2] MALTA. Rogério R. O psicólogo e a cliente: Análise de problemas diários. 2001.
* Raíssa Jacintho é psicóloga pela Universidade FUMEC e pós-graduanda em Trabalho Social com Famílias e Comunidades pela Faculdade Redentor (RJ). Sua área de atuação é a Terapia Cognitiva Comportamental em seu consultório particular. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve as quintas-feiras, sobre a Psicologia através dos mitos.
Contato: rarajacintho@hotmail.com
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