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Precisamos reencontrar a plenitude de uma vida sem sentido

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 10 de fev. de 2014
  • 3 min de leitura

Qual o sentido da vida? Essa é a pergunta sem resposta. Todos levantamos essa questão, mas ninguém se sente seguro para dar uma solução definitiva. Alguns dizem que a vida não possui um sentido, e que somos nós quem lhe damos - ou emprestamos - um. Os que pensam assim talvez estejam perto da verdade. O significado da expressão ‘sentido’ está ligado a ‘direcionamento’. Dar um sentido à vida é lhe dar uma direção. Aquilo a que a vida se dirige é a sua finalidade. Portanto, dar um sentido à vida é lhe dar um propósito, uma razão, um objetivo.


Por esse prisma, uma vida cheia de sentido é uma vida de recheada de metas. Mas, qual a finalidade da vida? Para onde ela se dirige? A vida só se dirige para a morte. Qualquer outra finalidade, direção ou sentido que ela apresente somos nós quem lhe damos. E por que temos necessidade de dar sentidos à vida? Começamos a estabelecer finalidades quando aprendemos a adiar nossa satisfação. A criança muito nova não tolera a frustração. Ela chora e exige a imediata satisfação de suas vontades. Com o amadurecimento, ela aprende a abrir mão da satisfação que não é possível agora em favor da que será possível em algum momento próximo. A satisfação que deixa de ser vivida agora passa a ser imaginada e projetada no futuro. A criança abre mão da satisfação real em virtude da idéia que ela faz sobre uma possível satisfação futura. A satisfação que é ideada ao invés de vivida se transforma num ideal, e o agora que não se fez presente se transforma na antecipação do porvir.



A satisfação que é adiada se torna idealizada. Nossos ideais representam aquelas satisfações que apenas imaginamos e jamais experimentamos. São eles as finalidades que buscamos: O sentido que damos à vida é a busca das satisfações que mais idealizamos. A formação de ideais é conseqüência do adiamento das satisfações, e aprender a adiar nossas satisfações é necessário para a vida. Porém, esse aprendizado tão necessário e salutar também tem seu lado negativo. A satisfação que é adiada deixa de ser vivida. O presente em que a satisfação não mais se encontra se transforma em espera. Posteriormente, a espera dá lugar à iniciativa: a criança aprende a usar os recursos que encontra ao seu redor para aumentar as chances de realizar a satisfação uma vez adiada. Os recursos que ela aprende a utilizar se tornam meios cujo sentido é realizar a satisfação desejada. Entre esses recursos se encontram as pessoas com quem ela se relaciona. É assim que os relacionamentos também começam a adquirir um sentido. O mundo começa a fazer sentido à medida que a criança descobre a utilidade de tudo e todos que ela encontra. O mundo em que a relação da criança com todas as coisas e pessoas possui um sentido é um mundo em que toda relação se dirige a uma finalidade; e um mundo em que toda relação se dirige a uma finalidade é um mundo em que a vida foi adiada; um mundo em que a vida se ausentou para dar lugar ao constante fazer, à constante busca que nunca termina.


A satisfação vivida é a única real, mas a satisfação ideal pode parecer bem mais interessante. Na nossa imaginação, podemos idealizar a satisfação perfeita, pura, sem uma gota de frustração. A satisfação ideal não se parece com nada que encontramos no real, e assim ela nunca se realiza. É por isso que o ideal do namoro, o casamento, se desloca para os filhos assim que os namorados se casam; que o ideal dos filhos se desloca para os netos assim que os filhos crescem; e que o ideal do casamento, dos filhos e dos netos se desloca para a realização profissional, para os negócios, o dinheiro e a religião assim que a vida nos mostra todo o contraste entre o ideal e o real.


E quando mesmo em todas essas coisas ainda não conseguimos realizar nossos ideais, então a vida nos parece despropositada e sem sentido. Porém, não é a escassez de propósito e de sentido que a faz parecer assim; é justamente o excesso de propósitos, de metas, finalidades e direcionamentos que lhe retira todo o sentido. De tanto lhe darmos objetivos a torto e a direita, deixamos de senti-la. A vida a que damos muitos sentidos é a vida que deixou de ser vivida; é a vida que não é mais sentida e experimentada. Precisamos reencontrar a plenitude de uma vida sem sentido.




*Daniel Grandinetti é psicólogo de influência existencial e psicanalítica. Atua na clínica há 12 anos. Tem a graduação e o mestrado em Filosofia e atualmente é doutorando, também em Filosofia, pela UFMG. É ensaísta e publica seus textos na página 'Psicologia no Cotidiano' do Facebook: www.facebook.com/cotidianoepsicologia.

 
 
 

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