Comportamento Alimentar
- redepsicoterapias
- 11 de fev. de 2014
- 3 min de leitura
Alimentar-se para além da necessidade fisiológica, apresenta-se não somente como hábito, mas também como um comportamento, que para melhor entendimento da sua importância e manejo se caracterizam dimensões nutritiva, relacionada a aspectos metabólicos, e a satisfação das necessidades nutricionais. Psicodinâmica e afetiva, na qual a fome e a alimentação são ligadas à satisfação e ao prazer oral. O prazer alimentar oral tem, segundo a psicanálise, uma conotação nitidamente libidinal. Relacional, posto que no desenvolvimento da criança a boca é o mediador da primeira relação interpessoal: a relação mãe-bebê. A incorporação oral pode representar simbolicamente diversas coisas: o amor, a destruição, a conservação no interior do eu e a apropriação das qualidades do objeto amado, etc.
A alimentação tomou rumos complexos durante a história, justamente por haver essa mudança de paradigmas sócio-econômicos, promovendo uma mudança geral: Tendências, quantidades, horários, resultados para a saúde, condições na qualidade de vida dentre outras. O termo qualidade de vida para alguns autores é uma grandeza com aspectos distintos, dessa forma é impossível mensurá-la ou caracterizá-la objetivamente, portanto é subjetiva e peculiar a cada indivíduo e seu meio, e variando também de acordo com o momento vivido pelo sujeito.
Ceder aos encantos dos alimentos saborosos quando estes não são saudáveis é uma tarefa difícil, assim como não ceder ao desejo da mãe, então primeiro objeto de necessidade e desejo da criança, quando Lacan (1999) em sua obra As formações do Inconsciente afirma que a criança busca, como desejo de desejo, é poder satisfazer o desejo da mãe. O sujeito se identifica espercularmente com aquilo que é objeto do desejo de sua mãe. Apenas tornando um indivíduo que satisfaz o desejo do Outro e não busca satisfazer os seus próprios desejos.
Ao apresentar-se como sujeito desejante acaba por ultrapassar qualquer recomendação médica e qualquer ideal de beleza, pois a vontade de comer, em momentos frequentes excessiva, não é relacionada apenas há uma questão de alimentação e satisfação da necessidade, deve ser atribuída insatisfação do sujeito, uma vez que seus hábitos alimentares são resultado de forças fisiológicas e psíquicas e que eventualmente estão fora das decisões conscientes do mesmo, sem excluir sua questão cultural. Fazer uma refeição sem haver a preocupação com as consequências que esta tem sobre nossa vida não é importante na rotina do ser humano, pois a função social do processo de se alimentar engloba várias preocupações. Numa tendência social cada vez mais frequente haverá uma transformação ato de alimentação a um processo mecânico, no qual os prazeres da mesa vêm seguidos por perturbação em relação à saúde.
Com o passar dos séculos, a sociedade foi ditando regras econômicas, tecnológicas, científicas e sociais. A representação do ato de comer classificando-o como organizador social, bem como moderador de qual é o ideal de corpo, seja qual for a sociedade referida. Ou seja, antes em algumas culturas o que prevalecia como saudável eram corpos “volumosos” e que se alimentavam de forma excessiva, posteriormente transformou-se numa intensa busca pelo modelo de corpo ideal, se tornando cada vez mais narcísica onde o indivíduo busca ser amado e admirado pela característica física tirando de foco os aspectos interiores, valores e opiniões próprias.
O ser humano para estar de acordo com a “normalidade” no ambiente social age conforme seus critérios alocados, por isso, a noção de bonito e belo, passou a ser referenciado através do corpo magro ou forte com uma musculatura definida, dando início a uma verdadeira caça ao corpo perfeito determinado por essa sociedade. Embora os seres humanos tenham características comuns, a composição corporal muda de acordo com tendências determinadas pelos setores de moda, referenciais esportivos e pela mídia, mudando a forma de compreensão, por conseguinte a opinião do sujeito em relação ao corpo. Como percebemos nosso corpo, se constitui sua forma imaginária mais que sua forma objetiva. Abre-se então, uma reflexão coerente acerca do comportamento alimentar e sua influência na constituição corporal, pois pode acarretar psicopatologias contemporâneas, como transtornos e distúrbios alimentares, por exemplo, a obesidade.
*Tabillo Lavinsky é psicólogo graduado pela FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências em Itabuna-Ba, finalizando especialização em Psicologia Clínica e Hospitalar pela FSBA – Faculdade Social da Bahia em Salvador-Ba. Atualmente exerce a função de Psicólogo do Conjunto Prisional de Eunápolis, e, já atuou no CRAS, equipe volante e na Clínica de abordagem psicanalítica. Muito interessado em temas atuais e sua relação com a Psicologia.
Contato: tabillolavinsky@gmail.com
Comments