top of page

Somente a vida que não tem medo de viver vive sem agressividade

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 17 de fev. de 2014
  • 3 min de leitura

A agressividade é um de nossos maiores inimigos. No entanto, sem ela não haveria vida. Compreender a agressividade é fundamental para aprender a lidar com ela. Mas, o que é a agressividade e por que existe agressividade em nós?


Todos nós desejamos viver. O desejo de viver já se manifesta no esforço que fazemos ao nascer. A vida é o principal obstáculo à realização do desejo de viver. Em cada momento ela nos apresenta uma barreia a superar. A angustia que nunca deixa de acompanhar-nos é testemunha desse fato. Assim, é natural que o desejo de viver também deseje eliminar a própria vida; ele deseja eliminar a vida que impede a realização de si mesma. O desejo de viver existe em contradição consigo mesmo.


A Psicanálise descreve a contradição do desejo de viver através da dinâmica entre pulsão de vida e pulsão de morte. A pulsão de morte é uma função da pulsão de vida. Ela se dirige à morte porque a morte significa a eliminação do maior obstáculo à vida - a vida mesma. Assim, o desejo de viver pode ser decomposto teoricamente em dois desejos que se dirigem a sentidos opostos: um na direção da vida e outro na direção da morte. Em cada um de seus sentidos opostos, o desejo de viver é frustrado: O sentido que se dirige à vida também se dirige aos obstáculos que ela apresenta, e diante de seus obstáculos a vida é impedida de se realizar; o sentido que se dirige à morte é dirigido à eliminação da vida, e a vida que é eliminada evidentemente não se realiza. Assim, o desejo de viver existe em tensão consigo mesmo. Ele luta contra si mesmo e se esforça por superar os obstáculos que ele próprio coloca à sua frente. A tensão consigo mesmo do desejo de viver é a agressividade.


Se há desejo de viver, há agressividade. Se há desejo de morrer, também há agressividade, uma vez que esse desejo é apenas uma variação do desejo de viver. E uma vez que todo desejo se dirige ou à vida ou à morte, todo desejo é desejo de viver. Assim, se há desejo, há agressividade. E quando é que o desejo se faz ausente? A indiferença e a apatia não caracterizam a ausência de desejo; elas são a manifestação do desejo que não sabe mais o que deseja. O desejo sempre está presente; portanto, a agressividade também está. A agressividade é função da tensão provocada pelos obstáculos que o desejo de viver representa a si mesmo. Quanto maior for nossa tensão diante dos obstáculos da vida, maior será nossa agressividade. Por sua vez, quanto maior for a naturalidade com que recebemos as dificuldades e empecilhos que encontramos pelo caminho, menor será a agressividade de nosso desejo de viver.


Receber as frustrações e dificuldades da vida com naturalidade é o caminho para viver sem agressividade. Mas, como receber com naturalidade tudo que nos causa desconforto e aborrecimento? A agressividade é nossa resposta diante dos obstáculos da vida. Ela nos impulsiona a superá-los e a eliminá-los do caminho. Entretanto, de acordo com a análise do desejo de viver, os obstáculos a serem superados para que a vida se realize representam a própria vida que desejamos realizar. Eles não são de fato impedimentos ou barreiras à realização da vida; são a própria vida que desejamos. Nosso desejo se dirige a tudo que nos enfurece, irrita, amedronta, chateia ou aborrece. Reagimos com fúria, irritação, medo, chateação e aborrecimento quando ainda não compreendemos o quanto desejamos tudo e todos que despertam essas emoções em nós. Os obstáculos à vida são a própria vida que desejamos viver. Por essa razão, recebê-los com naturalidade e vivê-los sem medo é a única forma de realizarmos toda a vida que sempre esteve sufocada no peito.


Não é preciso nenhuma análise profunda para compreender esse fato. Basta nos lembrarmos da frustração que experimentamos todas as vezes que damos um jeito de contornar nossos obstáculos sem enfrentá-los. A frustração ocorre porque os obstáculos não existem apenas para serem contornados; eles existem para serem assimilados e convertidos na vida em potencial que neles existe. Somente essa conversão realiza nosso desejo de viver; somente essa conversão elimina o medo que a vida tem de viver; e somente a vida que não tem medo de viver é capaz de viver sem agressividade e de se realizar plenamente.



*Daniel Grandinetti é psicólogo de influência existencial e psicanalítica. Atua na clínica há 12 anos. Tem a graduação e o mestrado em Filosofia e atualmente é doutorando, também em Filosofia, pela UFMG. É ensaísta e publica seus textos na página 'Psicologia no Cotidiano' do Facebook: www.facebook.com/cotidianoepsicologia.

 
 
 

Comments


Siga-nos
  • Facebook Classic
  • Twitter Classic
  • Google Classic

Vamos continuar este contato? Assine a nossa newsletter!

Agora você faz parte da nossa Rede!

Consultório sede:

Rua Joviano Naves, 15 - sala 04. | Belo Horizonte /MG

 

Nossos contatos:

(031) 4141-6838

(031) 4141-6839

redepsicoterapias@gmail.com

Nos acompanhe:

  • Wix Facebook page
  • Instagram Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Google+ page
  • LinkedIn Social Icon

©Copyright 2011 Rede Psicoterapias. Todos os direitos reservados.

bottom of page