Valores pessoais em meio urbano: A SOLIDARIEDADE
- redepsicoterapias
- 18 de fev. de 2014
- 3 min de leitura
Conversamos no artigo passado sobre o papel da psicologia no espaço urbano. Vimos que, dentre as várias funções, o psicólogo atua como um agente facilitador da convivência. É nas ruas, no trânsito, onde as diferenças se encontram, que o compartilhamento do espaço torna-se delicado e os conflitos acontecem. Não há cidade sem conflitos, assim como é na própria vida. Por isso, a partir deste texto, iremos discutir sobre os valores que levamos de casa para as ruas, que contribuem para que esses conflitos (já que nunca deixarão de existir) ao menos sejam menores.
E falando sobre “casa e rua”, indico uma leitura: a obra “A casa & a rua”, de Roberto Damatta. Damatta discute sobre o comportamento de não cooperação nas ruas, que pode ser causado pelas diferentes normas de recepção entre a passagem da casa para a rua, fazendo com que o sujeito deixe de ser uma pessoa única para ser mais um estranho. A casa se caracteriza por ser um lugar privado, onde as normas que regem são as do indivíduo ou de sua própria família. Já na rua, por ser um espaço público onde todos compartilham, é necessário que se siga as leis determinadas pela sociedade, que nem sempre condizem com os valores e costumes de todos os indivíduos. O resultado desta dicotomia é a dificuldade do sujeito em deixar as regras de sua casa para compartilhar o espaço público, com as regras estipuladas e com pessoas desconhecidas.
É exatamente sobre isso que quero provocar, em que lê este texto, uma reflexão. O que é que levamos da nossa casa, da nossa família, para a cidade em que vivemos? Já parou para pensar que a cidade, as ruas, os bairros, são extensão de nossa casa, nosso jardim? É por onde você transita, passeia, encontra e realiza as mais diversas atividades cotidianas. Precisamos cuidar da cidade como cuidamos da nossa própria casa. E para isso precisamos nos apropriar e pertencer ao lugar onde moramos, sem ficar jogando a “culpa” pelos problemas para lá ou para cá.
“As coisas estão assim porque o governo não faz o seu papel”; “A cidade está suja porque os outros jogam lixo no chão”; “Ninguém respeita ninguém”.
Quando adotamos essa postura de “lamentação”, tiramos o corpo fora, como se a responsabilidade sob a cidade não fosse (também) minha. Acredito que devamos sim reivindicar, cobrar do governo e da população. Mas é preciso se perguntar: “eu faço a minha parte?”.
Veja bem, tudo isso nos remete a um valor muito importante ao tratarmos de convivência urbana: A SOLIDARIEDADE.
Solidariedade, segundo o dicionário Aurélio, traduz-se em “sentido moral que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades de um grupo social, de uma nação, ou da própria humanidade”, significando também “dependência mútua; reciprocidade de obrigações e interesses”.
Com a solidariedade, nos responsabilizamos pelos nossos mais pequenos atos. Não precisamos fazer nada grandioso para ser solidário. Os mais simples comportamentos que emitimos no dia-a-dia podem contribuir para que o espaço de todos seja melhor para se viver. Até a próxima!
*Camila Marques é psicóloga formada pelo Centro Universitário Newton Paiva de Belo Horizonte. Atua no campo da psicologia clínica e da educação, com considerável prática no campo da educação para o trânsito. Escreve para a Rede Psicoterapias às segundas sobre psicologia e convivência urbana.
E-mail: camilamarques.psi@hotmail.com
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