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O argumento de quem não tem argumento

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 19 de fev. de 2014
  • 3 min de leitura

Olá, querido leitor, cá estamos nós de novo. O assunto hoje é conhecido como "Argumentum ad Hominem" (do latim, “argumento contra o homem”) ou simplesmente "Falácia ad Hominem". Já ouviu algo sobre isso? Se nunca ouviu, saiba que o tema é muito comum na vida da maioria das pessoas.


Para começar, vamos tentar entender o que é uma falácia. Numa rápida pesquisa na web, podemos encontrar que o termo deriva do verbo latino "fallere", que significa “enganar”. Assim sendo, uma falácia remete diretamente a um argumento logicamente inconsistente, sem fundamento, inválido ou falho na tentativa de provar eficazmente o que se alega.


A maioria de nós tende a ignorar afirmações de pessoas que julgamos não poder confiar. Entretanto, o que alguém fala e por que fala deveria ser julgado separadamente. Vamos supor que você seja parte do júri no julgamento de Fulano de Tal, 40 anos, que foi acusado de arquitetar o roubo de um banco. Por falta de provas suficientes, o promotor levanta o passado de Fulano e descobre que ele sempre foi arruaceiro na escola, batia nos coleguinhas e adorava enganar os professores. Mais do que isso, o promotor descobre que, ainda durante a adolescência, Fulano roubou balas da cantina da escola. Pronto, apenas isso basta. Uma vez a semente plantada (“Esse homem é um mentiroso e já roubou uma vez.”), sua opinião ficará contaminada pela falácia da promotoria. Não importa o que Fulano diga ou o que apresente como argumento lógico, de alguma forma você vai duvidar, porque obviamente não acredita em mentirosos. O que você esquece é o fato de o julgamento ser sobre um acontecimento concreto (roubo do banco) e não sobre o caráter de Fulano de Tal. Ter tido uma adolescência ruim, com episódios de roubos de balas e violência a colegas, não torna o réu culpado do que aconteceu anos depois no banco. Atenha-se aos fatos para não cometer esse tipo de equívoco.


Às vezes, uma discussão simples pode ficar tão grande que você começa a xingar a outra pessoa, atacando-a ao invés de atacar o argumento ou posição que ela defende. Chamar alguém de idiota, estúpido ou ignorante é bom, mas não prova que você está certo, tampouco mostra que o outro está errado. Você pode, por exemplo, ter sido criticado quanto à sua maneira de dirigir. Se após a crítica a sua resposta foi algo do tipo "Não sabe nem estacionar direito e quer falar de mim.", então lá vamos nós de novo. Você atacou a pessoa, não o argumento.


A política e a mídia esperam que você faça uso da “Falácia ad Hominem” a todo momento. Em guerras eleitorais, geralmente o ataque vem na forma de "Não vote em Beltrano, pois ele era amigo daquele político que roubou nosso país!". A culpa por associação é, geralmente, esse tipo de falácia em andamento. Afinal, se ele anda com bandidos então deve ser bandido também, certo? Não. Do ponto de vista lógico, as políticas públicas de Beltrano e as pessoas que ele chama para um churrasco na sua casa deveriam ser questões julgadas separadamente. Deveriam.


O inverso também ocorre. Você pode achar que a pessoa é confiável porque ela fala bem, é bonita e tem uma profissão respeitável. Por exemplo, seria difícil acreditar que um médico inglês, de situação financeira estável e pai de dois filhos, pudesse ser capaz de colocar roupa de palhaço e assaltar uma joalheria, mas isso já aconteceu. A “Falácia ad Hominem” inversa poderia lhe induzir ao engano caso estivesse no júri do julgamento dele e se recusasse a acreditar nas evidências devido ao seu grande respeito por médicos.


Enxergar o mundo à nossa volta como um grande filme, onde as pessoas são personagens que enquadramos de acordo com seus respectivos comportamentos e nossas noções preestabelecidas, não é algo ruim. Tentar ter ideia sobre o caráter de alguém é algo que ajuda a descobrir em quem se pode confiar. Porém, tome cuidado para não ser um grande avaliador de caráter e um péssimo avaliador de lógica, fatos e evidências. Entender se alguém pode ser confiável e se alguém está falando a verdade são duas coisas diferentes. Lembre-se disso e tente pensar duas vezes antes de atacar aquele amiguinho que apenas discordou do seu ponto de vista ou o fez uma crítica. Você não vai querer arriscar uma amizade por um equívoco, certo?


Até a próxima!



*Luiz Medeiros é carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities. Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor.


E-mail: luizrjbrasil@gmail.com

 
 
 

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