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Considerações sobre o destino da psicologia

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 27 de fev. de 2014
  • 3 min de leitura

Há alguns dias a capa de uma famosa revista continha um título bastante chamativo que dizia algo como "as profissões que poderão desaparecer". Apesar do interesse, não foi possível realizar a leitura da matéria, mas alguns questionamentos surgiram acerca da psicologia, principalmente no que compete à área clínica. Indaguei-me se a psicologia estaria no rol das profissões fadadas ao desaparecimento diante das ofertas rápidas e baratas de lidar com o sofrimento A medicalização está aí, escancarada e a serviço de todos os que desejam sentir mais prazer, ou menos desprazer.


É bastante comum que o sujeito em sofrimento procure todas as alternativas antes de chegar ao psicólogo. Medicina, homeopatia, acupuntura, religião, dentre outros, são formas constantemente utilizadas pelo sujeito que deseja por fim ao seu sofrimento. Sobre isso, pode-se pensar em algumas possibilidades acerca da dificuldade em aceitar um processo de psicoterapia. Ressalto aqui a dificuldade de entrar em contato com o fato de que o sofrimento está consigo, e não no mundo externo. O sofrimento não é algo extrínseco ao sujeito, apesar de fatores externos o influenciarem.


Encarar a impotência e a frustração narcísicas de não poder "culpar" algo ou alguém pela dor, passando à consciência de que talvez os problemas não sejam resolvidos com as pílulas coloridas é um processo bastante complexo. Afinal, quando a expectativa de melhora é depositada unicamente na medicação, o sujeito fica livre de sua implicação psíquica, já que nesta perspectiva compreende-se que algo em seu corpo, em seu organismo, não vai bem.


Pensando nisso, a chegada do paciente ao consultório é marcada por defesas e resistências, por ligações de marcação de consultas seguidas de faltas. Parece que retornam quando se percebem em algum tipo de limite de sofrimento. Cabe ressaltar que, enquanto houver dor, haverá espaço para a nossa atuação, mas creio que alguns questionamentos devem ser levados em consideração.


Apesar da difusão da psicologia pela mídia e pela presença em massa de novos profissionais, a figura do psicólogo ainda é obscura para a grande maioria da população. Creio que neste momento cabe uma reflexão sobre a dificuldade do próprio profissional em explicitar a sua prática. Para isso proponho que façamos um exercício: ao leitor que não seja da área, gostaria que você tentasse explicar "o que faz um psicólogo"? Já ao leitor psicólogo, a pergunta é: "como posso explicar de maneira simples e acessível o que faço"?


Quando tenho a oportunidade de observar colegas tentando responder a esta questão, percebo que está aí uma dificuldade real na transmissão de seu saber. No geral são utilizados termos do “psicologuês” na tentativa de falar sobre a profissão. É necessário compreender que ninguém, ou ao menos o público leigo, tem a obrigação de compreender nosso dialeto. Precisamos saber falar em uma linguagem acessível e universal com quem deseja entender o que fazemos.


Falar sobre nossa profissão é uma maneira fértil de sobreviver à lógica da sociedade contemporânea. Tornar nossa profissão acessível é nosso dever, tanto para os pacientes quanto para outros profissionais, possibilitando a troca, a interdisciplinaridade e a quebra dos tabus que envolvem a área psi. Para trazer um exemplo cotidiano, veja você, leitor psicólogo, que acaba de conhecer alguém em um bar. Ao se apresentar e falar sobre sua profissão, comumente você é questionado da seguinte maneira: "você não vai me analisar, vai?". Apesar do tom de brincadeira, este é um receio real das pessoas; pré-conceitos que geram angústias, por mais que estejam mascaradas pelo humor, exatamente por não terem acesso às informações da área psi.


Bom poder contar com este espaço, onde todos têm acesso livre e possibilidade de aproximação com a nossa área.



*Andressa Neves Psicóloga e Psicanalista. Escreve para a Rede Psicoterapias às quintas-feiras sobre psicopatologias e contemporaneidade.


Contato: andressaneves@live.com


 
 
 

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