Ciúmes patológico
- redepsicoterapias
- 7 de mar. de 2014
- 2 min de leitura
O ciúme é um sentimento natural e fisiológico no ser humano, porém, muitas vezes torna-se patológico e fora de controle. O que difere o ciúme normal do patológico é sua quantidade e qualidade. Ideias repetitivas, fantasias absurdas, (às vezes até delírios), cobranças, inspeções obsessivas nos objetos do outro, questionamentos sem fim (inclusive sobre relacionamentos anteriores), afastamento social no intuito de evitar encontros que possam oferecer riscos e outros. O objetivo deste ciumento é unicamente controlar os sentimentos e comportamentos do outro.
O ciúme patológico (doentio) também é conhecido com síndrome de Otelo, referindo-se à peça Otelo, escrita por William Shakespeare (1964), em que retrata o homicídio de um marido que suspeita da traição da mulher e, por fim, comete o suicídio.
Neste tipo de ciúmes, a imaginação evolui para a fantasia, depois a crença e, finalmente, a convicção delirante. É ilimitado, exige posse e atenção exclusivas e nunca se encerra, fazendo o ciumento ter atitudes hostis, comportamento insatisfeito e alterações de humor.
Segundo estudos, o ciúme patológico está atrelado ao jeito de ser, isto é, a pessoa é ciumenta independente do objeto de ciúme, já demonstrando desde a infância seus sintomas. O ciúme patológico na verdade esconde, mascara outra patologia psiquiátrica, tais como algum transtorno de personalidade, transtorno delirante persistente, transtorno depressivo e alcoolismo.
Na prática clínica, a primeira coisa a se fazer é avaliar o grau de racionalidade dos questionamentos, se existe autocrítica, autoestima rebaixada, ansiedade e o prejuízo que vem acarretando na vida do indivíduo.
Assim, o ciumento patológico é um doente que necessita de tratamento especializado, mais comumente com o psiquiatra para tratar de alguns sintomas como ansiedade e delírios e o psicólogo, para cuidar das causas e, junto ao paciente elaborar novas saídas para seus sintomas.
Finalizando, deve-se ter em mente que muitos casais permanecem juntos(até por décadas), no sofrimento diário de agressividade, abusos morais e físicos, hostilidade e desgaste emocional, adoecendo também o outro lado, família, filhos, perdendo emprego, colocando fim à vida social,passando por situações vexatórias públicas, homicídios e outros. Por isso, é de extrema importância que o casal obtenha tratamento, pois ambos encontram-se adoecidos... Não há vítima ou algoz, e sim uma parceria que obtém ganhos secundários ao permanecer juntos.
Pode parecer muito difícil dar o primeiro passo para se esquivar de uma relação destas, mas lembre-se: “ninguém conseguirá fazer nada por nós além de nós mesmos”.
*Alessandra Figueiredo é psicóloga formada e licenciatura plena em Psicologia pela Universidade NEWTON PAIVA, pós graduanda em Psicologia Médica pela Faculdade de Medicina de Minas Gerais (UFMG), formação psicanalítica pelo Círculo Brasileiro de Psicanálise, professora de Fatores Humanos destinados à aviação comercial e ministrante do curso “Aprendendo a ler a Linguagem Corporal”.
É psicóloga clínica e organizacional. Colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve sobre relacionamentos contemporâneos.
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