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Verdades sobre a mentira

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 1 de abr. de 2014
  • 4 min de leitura

Há muitas explicações para o 1 de abril ter se transformado no dia das mentiras ou dia dos bobos. Uma delas diz que a brincadeira surgiu na França.


Tudo começou em 1564, quando Carlos IX, rei de França, por uma ordonnance de Roussillon, Dauphine, determinou que o ano começasse no dia primeiro de janeiro, no que foi seguido por outros países da Europa. É claro que, no início, a confusão foi geral, uma vez que os meios de comunicação ainda eram inexistentes. Não havia rádio, televisão, nem mesmo o jornal, pois a invenção da imprensa, por Gutenberg, só aconteceu muitos anos depois.


Desde o começo do século XVI, o Ano Novo era festejado no dia 25 de março, data que marcava a chegada da primavera. As festas duravam uma semana e terminavam no dia 1 de abril. Depois da adoção do calendário gregoriano, o rei Carlos IX determinou que o ano novo seria comemorado no dia 1 de janeiro. Alguns franceses resistiram à mudança e continuaram a seguir o calendário antigo, pelo qual o ano iniciaria em 1 de abril. Gozadores passaram então a ridicularizá-los, a enviar presentes esquisitos e convites para festas que não existiam. Essas brincadeiras ficaram conhecidas como plaisanteries.


No Brasil, o primeiro de abril começou a ser difundido em Minas Gerais, onde circulou A Mentira, um periódico de vida efêmera, lançado em 1º de abril de 1848, com a notícia do falecimento de Dom Pedro, desmentida no dia seguinte. A Mentira saiu pela última vez em 14 de setembro de 1849, convocando todos os credores para um acerto de contas no dia 1º de abril do ano seguinte, dando como referência um local inexistente.


A brincadeira ainda perdura nos dias atuais e o primeiro de abril é sempre comemorado com muitas mentirinhas!!! Rsrsrrs


E nessa brincadeira cabe uma reflexão, pois a mentira sempre foi uma prática entre os homens durante toda a sua história. Infelizmente, vemos que esse comportamento ainda existe em nossos dias. Eles estudaram, cresceram, amadureceram, mas continuam mentindo para camuflar seus erros e levar vantagem em algumas situações.


Muitas vezes levadas pela insegurança de ser aceitas tal com o são, as pessoas podem cair na tentação de enriquecer suas histórias e enaltecer suas habilidades de forma a causar uma impressão mais favorável em outras pessoas.


Aprendemos desde cedo as vantagens da mentira. Ainda crianças aprendemos a dizer que a mãe não está em casa, quando ela quer evitar atender ao telefone, aprendemos os benefícios de uma mentirinha para não ganhar um castigo, e assim por diante. Ah! Não esquecendo das mentiras a que se obrigam os netos, quando os avós perguntam de quais avós gostam mais...


Mas o mentiroso também passa por dificuldades, e quanto mais cai na tentação de mentir, tanto mais difícil vai ficado controlar a abundante base de dados das versões de suas mentiras, mais difícil vai ficando garantir a coerência de suas estórias, mais necessidade de novas mentiras para encobrir as antigas...a farsa cresce em progressão geométrica.


Diante dessa frequência fisiologicamente humana há, naturalmente, uma tendência em banalizar a mentira, ou inocentemente classificar nossa mentirazinha cotidiana como sendo do tipo positiva, aquela que além de não prejudicar pode até ajudar pessoas (...o senhor me parece mais saudável hoje do que ontem... conheci seu filho, um jovem magnífico...), ou mentira negativa, aquela que prejudica. Enfim, a mentira fisiológica pode até facilitar a integração social, e de tal forma que as pessoas com inata dificuldade para essas mentirinhas corriqueiras são tidas como ingênuas, socialmente pouco habilidosas, falta-lhes jeito ou, como se diz, não têm “jogo de cintura”. Uma das razões interiores mais comuns para mentir é a insegurança ou baixa auto-estima. Como dissemos, a mentira passa ao outro uma imagem de nós próprios muito melhor do que de fato acreditamos ser. Mente-se também por razões externas, de acordo com as pressões para sucesso na vida em sociedade.


Há também mentiras por razões patológicas, desde aquelas determinadas por uma personalidade problemática, até as outras, produzidas por neuroses francamente histriônicas, como é a Síndrome de Münchhausen e de Ganser.


A Síndrome de Münchhausen é relativamente rara, de difícil diagnóstico, e caracterizada pela fabricação intencional ou simulação de sintomas e sinais físicos ou psicológicos sempre de natureza fantástica em um filho ou em si próprio.


Mentirosos compulsivos, de dinâmica psíquica rica em conflitos e complexos, que representam personagens tal como fazem os atores, e refletem aquilo que gostariam de ser. Ao perderem o controle sobre o impulso de mentir o personagem criado suplanta o ego e a personalidade toda é tomada por um falso e inaltêntico ego.


Nesta síndrome a pessoa não suporta a ideia dela ser comum, normal, trivial. Ela tem que ser super especial, tem que ter peculiaridades completamente excepcionais e fantásticas. Essa inclinação impulsiva para a mentira reflete uma grande vontade em ser admirado, de ser digno de amor e consideração pelos demais, consequentemente reflete uma grande insatisfação com a realidade em que vive.


É preciso ficarmos alertas! Uma mentirinha aqui pode se tornar algo prejudicial para o mentiroso, que se torna compulsivo em mentir, e para as pessoas que estão ao seu redor, que passam a não mais acreditar e confiar mais nessa pessoa, tornando os relacionamentos ruins entre eles, baseado na desconfiança e no descredito.






*Ada Melo é psicóloga formada pela PUC Minas em 2010 e especialista MBA pela UNA em 2012. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às terças sobre infância e adolescência.Atua nas áreas clinica e organizacional pela abordagem psicanalítica. Leitura e cinema são seus maiores hobbies.

E-mail: ada_psique@yahoo.com.br

 
 
 

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