top of page

Sentir ou refletir, eis a questão

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 23 de abr. de 2014
  • 4 min de leitura

Olá, leitores. Antes de me aprofundar pelo assunto de hoje, convido vocês a um minuto de introspecção. Usarei como exemplo uma das obras de arte mais famosas do mundo, "A Monalisa", de Leonardo Da Vinci. Sim, o famoso quadro que ilustra nossa coluna hoje. Imagine que você terá que escrever uma resenha discorrendo sobre o motivo desse quadro ser tão adorado. Vamos lá, pode começar a pensar o porquê da icônica obra de Da Vinci ser tão famosa.


Não deu? Muito complicado? Então vou simplificar mais. Pense num filme, livro ou qualquer outra obra que você goste. Agora tente escrever porque gosta dela. Já vou lhe adiantar, há uma grande chance de você escrever um monte de invencionices que aparentemente até fazer algum sentido, mas que não são necessariamente a verdade. A natureza de certas emoções e sentimentos que desfrutamos não estão disponíveis para nós. Se forçados a explicar, inventaremos algo. É sobre isso que falaremos hoje, a ilusão da introspecção e como ela pode ser contraprodutiva na sua vida.


Em 1990, o psicólogo e professor Tim Wilson realizou na universidade de Virgínia, onde lecionava, o que ele chamou de "Teste do pôster". Levou um grupo de estudantes a uma sala com variados pôsteres e falou que poderiam levar qualquer um. Mais tarde, pegou um segundo grupo de estudantes e falou a mesma coisa, só que dessa vez eles teriam que explicar por que tinham escolhido aqueles pôsteres. Passados seis meses, Wilson voltou a procurar aqueles estudantes para saber o que tinham achado das suas escolhas. O grupo que escolheu sem ter que justificar sua preferência estava satisfeito com seu pôster. Já no grupo que teve que explicar, a maioria alegou não ter realmente gostado do que escolheu. Acharam estranho? Veja o que aconteceu. O primeiro grupo escolheu os pôsteres que realmente gostou, os mais bonitos e atraentes. O segundo grupo, que sabia que teria que explicar, tentou escolher um pôster com temas motivacionais, inspiradores, que justificassem suas escolhas. Escolheram de acordo com o que achavam que poderiam explicar de forma lógica, não com o que realmente gostaram. Todos queriam o pôster bonito, mas escolhiam um que fosse fácil explicar.


Pesquisas anteriores, realizadas na Kent State University, Estados Unidos, já haviam mostrado que introspecção acerca da sua própria depressão tende a deixá-lo ainda mais deprimido, enquanto, por outro lado, se distrair faz com que seu humor melhore. Em suma, isso indica que quando o assunto é sentimento, pensar, ruminar e refletir pode não ser uma boa ideia. Tentar explicar um sentimento de maneira lógica é o esforço para pegar algo profundo, abstrato e primitivo da sua psiquê e traduzir usando a linguagem racional do mundo das palavras. Algo muito difícil de ser feito sem que a tentativa de explicar não influencie diretamente nas suas ações.


Dizem que grandes poetas, como Shakespeare, bem como alguns autores e compositores, conseguem traduzir sentimentos complexos, como o amor, em palavras. À luz das artes eu devo concordar, mas se o assunto for psicologia e/ou comportamento humano, já vimos que não é bem assim.Tudo bem, você pode continuar achando que sabe porque gosta das coisas que gosta e sente o que sente, isso não é pecado. Muitas pessoas vivem assim. Entretanto, estar ciente de que a maioria dos seus estados emocionais não têm explicação lógica pode te ajudar muito nas suas próximas escolhas de vida. Grande parte dos experimentos realizados nessa vertente, apontam que a introspecção, na prática, não seria tão eficaz quanto se imaginava. É como diz aquele velho ditado: "às vezes pensar demais, atrapalha".


Quando te perguntarem por que você gosta de vermelho ou por que prefere jazz ao ballet, lembre que se for obrigado a explicar, corre sério risco de mudar de opinião caso não encontre argumentos racionais para corroborar sua escolha inicial. Não faça isso consigo, não precisa. Assim como tampouco precisa adequar seu gosto ao gosto "comum" da maioria. Nessa época de Facebook, Twitter e afins, todo mundo está sempre divulgando seu amor ou ódio por alguma coisa. Você não precisa segui-los. Não importa se um milhão de pessoas seguem aquela celebridade que acha ridículo o tipo de música que você curte ou a roupa que você usa. Tenha coragem para ser você, mesmo que esse "você" mude daqui um tempo (o que também é normal), mesmo que não saiba quem é ao certo.


A psicologia mostra que você tem mais chances de ser feliz se não tiver que explicar tudo o que faz, pensa e sente para todo mundo, nem mesmo para si. Tentar achar motivos para tudo é natural, mas cuidado para que isso não acabe te impedindo de pegar o pôster bonito quando lhe derem chance de escolha. Sinta mais, explique menos.


Até a próxima.



*Luiz Medeiros é carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities. Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor.


E-mail: luizrjbrasil@gmail.com

 
 
 

Comments


Siga-nos
  • Facebook Classic
  • Twitter Classic
  • Google Classic

Vamos continuar este contato? Assine a nossa newsletter!

Agora você faz parte da nossa Rede!

Consultório sede:

Rua Joviano Naves, 15 - sala 04. | Belo Horizonte /MG

 

Nossos contatos:

(031) 4141-6838

(031) 4141-6839

redepsicoterapias@gmail.com

Nos acompanhe:

  • Wix Facebook page
  • Instagram Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Google+ page
  • LinkedIn Social Icon

©Copyright 2011 Rede Psicoterapias. Todos os direitos reservados.

bottom of page