Escolhas
- redepsicoterapias
- 24 de abr. de 2014
- 4 min de leitura
Adquirir consciência sobre si e sobre sua vida é algo difícil, porém necessário para o amadurecimento. Estar consciente requer um arcabouço de sustentação que possibilite melhores escolhas.
Saber fazer escolhas possibilita ser uma pessoa cada vez mais assertiva, ter cada vez mais sabedoria para tomar decisões, e, consequentemente, ter maior qualidade de vida.
O nosso sucesso ou insucesso depende das escolhas que fazemos. Podemos observar isso no “mito da caverna” com o homem consciente saindo da caverna; Enquanto a História de Dom Quixote, com a escolha de seguir em frente e enfrentar seu medo; e em vários outros grandes arcabouços de substratos mitológicos, contos, lendas, fábulas, histórias... Hoje abordo a história de Dom Quixote de La Mancha, escrita por Cervantes. Segue um resumo, mas, assim como o do livro da “águia e a galinha”, objeto de coluna anterior, também recomendo a leitura deste livro, pois é fenomenal e agrega sentidos e valores.
"De tanto ler histórias de cavalaria, um ingênuo fidalgo espanhol passa a acreditar piamente nos feitos heroicos dos cavaleiros medievais e decide se tornar, ele também, um cavaleiro andante. Para tanto, recorre a uma armadura enferrujada que fora de seu bisavô, confecciona uma viseira de papelão e se autointitula Dom Quixote de La Mancha.
Como todo cavaleiro, ele precisa de uma dama a quem honrar. Elege então uma lavradora que só conhece de vista e a chama de Dulcineia. Depois de tomar essas providências, monta em seu decrépito cavalo Rocinante e foge de casa em busca de aventuras.
Após um dia inteiro de caminhada sob o sol, depara com uma estalagem, que em sua mente perturbada se converte num castelo, onde pede para ser ordenado cavaleiro pelo estalajadeiro, que quase não consegue conter o riso.
Dentre várias aventuras advindas de sua imaginação consegue a companhia de um escudeiro. Sancho Pança: um ingênuo e materialista lavrador, que aceita seguir o fidalgo pela promessa de uma ilha para governar.
As viagens se sucedem sob a alucinação de quem está vivendo no tempo da cavalaria. Em suas andanças, Dom Quixote encontra moinhos de vento que confunde com gingantes. Arremete contra um dos moinhos, cujas pás, devido a um vento mais forte, lançam o cavaleiro para longe. O escudeiro socorre seu mestre. Dom Quixote não dando o braço a torcer, diz que o feiticeiro, ao notar que o cavaleiro estava vencendo, transformou os gigantes em moinhos.
No desejo de combater as injustiças do mundo e homenagear sua dama, o nobre personagem segue viagem enfrentando situações supostamente perigosas e sempre ridículas: imagina gigantes em rodas d`águas; vê um cavaleiro de elmo dourado em um barbeiro; ajuda criminosos a fugirem, pensando estar libertando escravos. De suas desventuras, restam-lhes sempre os enganos, as surras, as pedradas e as pauladas.
Encontram abrigo e deparam com Tomás e o barbeiro Nicolau, amigos da aldeia onde moram e que estão à sua procura. Os dois convencem Sancho a ajudá-los e acabam apanhando, mais uma vez, e agora enjaulado, Dom Quixote foi levado para casa, mas partem para a estrada novamente, ainda guiado pelo amor de Dulcineia, com o desejo de vencer o perverso feiticeiro e, com ele, as injustiças do mundo.
Ao se ajoelhar diante de sua sonhada dama, o cavaleiro leva uma repolhada na cabeça. Sancho diz se tratar de um anel de esmeralda enfeitiçado em repolho, e Dom Quixote guarda a “prenda” na bolsa, duvidoso, todavia satisfeito.
Disfarçado em cavaleiro dos Espelhos, o baixinho Sansão desafia Dom Quixote, no intuito de levá-lo para casa e, com isso, agradar a sobrinha do fidalgo. Mas, traído por seu cavalo, que prefere comer grama, ao duelar, perde o combate. No fim, Dom Quixote renuncia aos romances de cavalaria e morre como um piedoso cristão."
As pessoas fazem escolhas a todo o momento - pequenas ou grandes - que afetarão suas vidas a pequeno, médio ou longo prazos. Nesse quesito “escolhas” não existe certo ou errado. Cada Ser percebe a vida de formas diferentes, com vivências e concepções de mundo diferentes.
Entretanto, todas as escolhas têm consequências. Existem escolhas que vão de encontro com as leis estabelecidas com determinada sociedade. Outras decisões podem ter como consequência uma demissão do emprego se, por exemplo, divergirem dos valores e missão da empresa. Determinadas escolhas de postura enquanto estudante podem ser malsucedidas e resultar, por exemplo, em uma reprovação. Em relacionamentos, divergências nas concepções de mundo podem resultar, entre outras situações, em separações.
Escolhas conscientes permitem um maior controle sobre suas consequências. As decisões são o que determinam as ações, que, por sua vez, resultam na vivencia particular de cada Ser. Tomar um direcionamento consciente significa um passo importante para obter maior qualidade de vida e reflete um desenvolvimento do autoconhecimento. Dessa forma, conforme Skinner (1974), “o autoconhecimento coloca a pessoa em melhor posição de prever e controlar o seu próprio comportamento”.
O homem pode ser o produto do meio circundante, mas como é um ser racional, este pode determinar a forma de encarar as situações. Nós temos o livre arbítrio. Está sob o controle do homem a forma como pensar e sentir. Podemos escolher irmos para qualquer caminho, o que irá determina-lo é a nossa escolha e a capacidade de reelaborar as circunstâncias que vivenciamos.
* Raíssa Jacintho é psicóloga pela Universidade FUMEC e pós-graduanda em Trabalho Social com Famílias e Comunidades pela Faculdade Redentor (RJ). Sua área de atuação é a Terapia Cognitiva Comportamental em seu consultório particular. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve as quintas-feiras, sobre a Psicologia através dos mitos.
Contato: rarajacintho@hotmail.com
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