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A criança e o desenho

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 11 de jun. de 2014
  • 3 min de leitura

Escuto às vezes o comentário: meu filho vem aqui e só brinca e desenha! Sim, os recursos lúdicos e gráficos são valiosos para a Psicologia. Deixando o brincar de lado e focando no desenho, as expressões artísticas costumam ser um canal em que o controle do ambiente fica mais solto, e muitas vezes traz mais conteúdo do que a fala da criança e também do adulto.


As crianças iniciam o desenho puramente pelo prazer sensorial que causa estar em contato com lápis, tinta e outros materiais gráficos. É fácil perceber que a maioria das crianças sente-se confortável com a atividade de rabiscar e desenhar (vide as paredes de muitas mães por aí), antes mesmo de possuir qualquer forma identificável aos olhos dos espectadores.


Até cerca de 4 anos, a criança costuma não se apegar à obra que produziu, ou mesmo reconhecer como seu, um desenho feito há tempos atrás. Essas atitudes virão conforme a atividade for se desenvolvendo e ganhando um novo âmbito: a linguagem. Em torno dessa idade a criança passa a compreender que “palavras querem dizer coisas”, perguntando sobre o significado dos signos e reproduzindo por si mesma grafismos, em forma de dentes de serra que passam a representar uma escrita fictícia.


A criança começa a associar sua expressão gráfica a algo que se conserva, que ela produz e que pode retomar no futuro, que é capaz de reproduzir pensamentos através do que cria, como uma nova linguagem. Uma vez percebida a capacidade de representação do desenho, a criança passa a transcrever seu mundo para o papel: são visíveis desenhos distintos entre meninos e meninas, traduzindo a diferença de gênero, como paisagens e flores para meninas e carros e figuras mais distorcidas para os meninos.


Quando a escolarização tem início, o desenho passa a ser equiparado à alfabetização: se está certo ou errado, bonito ou feio, ter capacidade de representar ou não a realidade de forma observável. A escrita – considerada mais importante na escola – passa a concorrer com o desenho e a forma como o resultado final se apresenta passa a ser mais importante do que o prazer motor gerado pela atividade anteriormente.


A menos que haja estimulação artística, geralmente a atividade cessa por aí. É notável que muitas vezes adultos desenhem temas infantis quando é solicitado um desenho livre, como paisagens com casas e árvores, marcando o conteúdo no qual a atividade foi estagnada.


Mas o que nós fazemos com isso afinal? De modo geral, o desenho “fala” muito sobre o desenhista. Podemos compreender desde os aspectos formais (como tipo de traço, pressão e sombreamento) até os conteúdos que aparecem. O desenho da figura humana, por exemplo, é usado como ferramenta em várias situações, pois o modo como o desenho se apresenta, independente da qualidade artística, é uma representação de como a criança, e também o adulto, se percebe e se coloca no mundo.


Para finalizar, é importante lembrar que cada desenho é associado ao contexto do desenhista. Embora haja aspectos semelhantes entre algumas obras, o material gráfico produzido pelo sujeito é sempre considerado como parte de sua história, seu momento de vida e o contexto em que foi feito o desenho – como uma fotografia daquela situação. Não há modo de dissociar uma produção gráfica e compreendê-la sem que haja vínculo e conhecimento da história de cada um. Até breve!



*Sabrina Lima é estudante de psicologia pela PUC-SP, é colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às quartas-feiras sobre cotidiano e contextos de crise em clínica ampliada. Além da Psicologia, é amante de música e das palavras, e atualmente se dedica ao estudo da escrita e suas formas de expressão como recurso terapêutico.

 
 
 

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