Tuberculose: Quando o isolamento vai além do espaço físico.
- redepsicoterapias
- 17 de jun. de 2014
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O Ministério da Saúde Brasileiro, há cerca de cinco (05) anos começou a enfatizar o tratamento da tuberculose: uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria que afeta principalmente os pulmões, assim como pode ocorrer nos ossos, rins e meninges (membranas que envolvem o cérebro). Diante da confirmação da existência de tal patologia, o cuidado inicial e mais marcante é o isolamento social no período de quinze (15) dias decorrente da possibilidade de uma rápida contaminação. Falando da equipe de tratamento, a Psicologia é considerada uma área de intervenção necessária para essa realidade, por permitir a percepção que a tuberculose pode ocasionar um comprometimento psicológico.
Deve-se pensar que, em toda a vida anterior ao adoecimento, a pessoa se habituou a interagir com familiares, amigos, colegas de trabalho dentre outros, e, abruptamente tem seus vínculos desestruturados causando-lhe sofrimento psíquico resultante do isolamento social. O vínculo é algo que aproxima e medeia o modo de relação entre as pessoas, sendo ele relacionado ao conceito de humanização. Apresenta-se então o grande desafio: como tratar de forma humanizada alguém que é momentaneamente nocivo até mesmo ao cuidador? O que pensa uma pessoa acometida pela tuberculose a respeito do isolamento? E por último: porque o sujeito, após o tempo de tratamento isolado não dá a devida continuidade, levando-o a um possível retorno da doença?
Tais questionamentos, no que tange à Psicologia, são, via de regra, difíceis serem respondidos linearmente. Uma das situações a serem pensadas é referente ao que a Psicanálise retrata como mecanismos de defesa. Desde o processo de contratransferência (Emoções experimentadas por parte do terapeuta no desenrolar de uma análise, em relação ao paciente, quando associadas à circunstâncias sentidas na sua própria vida, que o afetaram consciente e inconscientemente), como forma de autodefesa, dificultando o estado de saúde do adoecido. A perda de vínculos pode acarretar a somatização de comorbidades que baixa o nível de defesa do sistema imunológico do individuo e o vulnerabiliza, por sua vez ocasiona um quadro de resistência psíquica limitando o pensamento na forma de superação. Este caso psicológico impossibilita a continuidade do tratamento que e a cura.
O sentimento de inferiorização após o isolamento é absurdamente comum. Infelizmente é dificultoso e sofrido, entretanto primordial para o tratamento mesmo sendo temporário. O quadro físico que o adoecido adquire (magreza, apatia, dentre outros) também estimula o processo de sentimentos depressivos e resistentes ao retorno de uma vida social comum. Vida esta possível pelo fato de o tratamento ser passível de continuidade em residência, com os cuidados profiláticos devidos.
O corpo como majestade da Fisiologia e Psicologia, uma vez que é o lugar onde tudo se apresenta, precisa de cuidados para manter o equilíbrio e conseguir usufruir da evolução dos estudos em saúde mantendo-se firme para viver de forma saudável, mesmo com tantos impactos. Cabe a decisão de aderir aos cuidados oferecidos e do compromisso consigo mesmo, saindo do pensamento de espectador da sua própria vida e tornar-se um autor na grande peça de teatro denominada: Luta contra a tuberculose!
*Tabillo Lavinsky é psicólogo graduado pela FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências em Itabuna-Ba, finalizando especialização em Psicologia Clínica e Hospitalar pela FSBA – Faculdade Social da Bahia em Salvador-Ba. Atualmente exerce a função de Psicólogo do Conjunto Prisional de Eunápolis, e, já atuou no CRAS, equipe volante e na Clínica de abordagem psicanalítica. Muito interessado em temas atuais e sua relação com a Psicologia.
Contato: tabillolavinsky@gmail.com
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