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PENSAMENTO DE GRUPO

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 18 de jun. de 2014
  • 3 min de leitura

Olá, queridos curiosos, admiradores e demais leitores, tudo bem? Hoje estou aqui para desmistificar algo que aprendemos desde cedo: duas (ou mais) cabeças pensam melhor do que uma. Ok, eu também achava que um problema tinha mais chances de ser resolvido quando pessoas se reuniam para pensar sobre ele antes de estudar psicologia, só que hoje sei que não é bem assim e vim aqui compartilhar com vocês.


Vamos refletir um pouco sobre os motivos que nos levam a querer formar ou participar de um grupo. Podemos falar em satisfação de necessidades, desejo de proximidade, acolhimento, interação, segurança... e todas as demais respostas seguindo esta linha estão corretas também. E o que mantém um grupo? Ah, essa é bem simples, grupos sobrevivem da manutenção da harmonia entre seus membros. Independente se estão caçando borboletas ou vendendo protetor solar no deserto, quando todos estão felizes a produtividade tende a aumentar. Não é você que vai querer quebrar esse espírito de grupo, essa coesão, essa sinergia maravilhosa, não é? Acho que não, mas, deveria ser.


Quando um grupo de pessoas se junta para decidir ou formular algo, várias coisas entram em jogo. Conformismo, ilusões de grandeza, estereótipos, senso comum, racionalizações, isso só para começar. Todos sabem instintivamente que a divergência leva ao caos, então, a evitam. E é aí que mora o perigo. Vou exemplificar: imagine que você tem um cargo de confiança numa grande empresa e, junto com mais nove, integra o setor financeiro. O diretor geral convoca uma reunião com vocês e a equipe de marketing para debater novas ideias que ele teve. Pronto. Agora você está nervoso e ansioso. Ao chegar na reunião e ouvir as ideias do diretor, começa a observar os outros ao seu redor na esperança de descobrir qual é a opinião consensual. Enquanto observa, tenta avaliar quais seriam os prós e contras em discordar. Só que todas as pessoas estão fazendo a mesma coisa! Se todo mundo achar que é uma má idéia, quebrar a harmonia na equipe, arriscar perder amigos ou perder o emprego, um falso consenso é criado e ninguém fará nada contra isso.


O psicólogo americano Irving Janis mapeou esse tipo de comportamento após ler sobre a decisão dos Estados Unidos de tentar invadir Cuba. Para quem não sabe da história, vou resumir. Em 1961, o presidente John Kennedy tentou derrubar Fidel Castro com a força de pouco mais de mil exilados. Era um número pequeno e eles sabiam do ataque. Enfim, além de serem massacrados, a ação americana ainda aproximou Cuba da URSS, quase dando origem a uma guerra nuclear. Kennedy e seus conselheiros eram pessoas inteligentes, que tinham todas as informações à disposição e mesmo assim planejaram algo totalmente imbecil.


Acontece que, para tomar decisões mais próximas de sucesso do que de fracasso, todo grupo precisa de um cara corajoso (ou estúpido) suficiente para não dar a mínima se será excluído, mal visto ou demitido se der sua opinião sincera. Esse "cara mau", muitas vezes rotulado de inconveniente, é quem geralmente encontra os erros do projeto. O grupo também deve permitir as pequenas divergências, mostrando na prática que todos são livres para falar o que pensam. Provavelmente na equipe de Kennedy não havia esse cara.


Querer defender a coesão do grupo não significa suprimir opiniões. Mesmo porque ao fazer isso, você não oferece alternativas, deixa possíveis buracos no plano e passa um falso consenso ao líder. O desejo desenfreado de evitar o confronto e chegar ao consenso acaba impedindo o progresso.


Sabendo disso, da próxima vez que você estiver diante de um grupo de pessoas que tentam chegar a alguma conclusão, seja o inconveniente. Seja aquele que tem coragem para falar o que pensa. Provavelmente sua iniciativa incentivará outros membros a se posicionarem também, fazendo com que a decisão a ser tomada esteja muito mais próxima do ideal. Seja o "cara mau"! Afinal, todo grupo precisa de um desses.

Até a próxima.


*Luiz Medeiros é carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities.

Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor. E-mail: luizrjbrasil@gmail.com

 
 
 

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