A importância do outro
- redepsicoterapias
- 19 de jun. de 2014
- 5 min de leitura
A psicologia busca o processo de tomada de consciência. O jeito de ser do Homem dá-se através do sentir, do fazer e do agir.
Neste contexto, a cultura é a forma de fazer do homem. Esta está na ordem do sentido, da expressão, do manifestar-se.
A experiência é uma essência de vida geradora de empoderamento pessoal. É necessária a percepção de que cada um é responsável por suas ações, e mais importante ainda é tomar para si esta responsabilidade. Se nós não olharmos pra nós mesmos fica difícil realizar qualquer transformação no mais profundo de nós. Ou seja: tanto a consciência, quanto a responsabilização por nossas ações - inclusive as omissões - fazem parte crucial do amadurecimento interno, da percepção de si, da conquista pelo autoconhecimento.
A constituição dos seres humanos tem por base a relação com o outro. A vivência da Humanidade faz com que haja a evolução através dos relacionamentos humanos. É na relação que ampliamos as perspectivas. Assim, temos a possibilidade de enxergar o outro, de olhar o olhar do outro.
Hoje, apresento-lhes um romance histórico do francês Alexandre Dumas. “Os Três Mosqueteiros” é romanceado em uma trilogia sobre fatos importantes entre o governar dos reis Luís XIII e Luís XIV e da Regência que se instaurou na França entre os dois governos.
"Este livro conta a história de um jovem abandonado, de 18 anos, proveniente da Gasconha, D'Artagnan, que vai a Paris buscando tornar-se membro do corpo de elite dos guardas do rei, os mosqueteiros. Chegando lá, após acontecimentos similares, ele conhece três mosqueteiros chamados "os inseparáveis": Athos, Porthos e Aramis. (Este seria o nome do livro, mas, no fim, foi escolhido "Os Três Mosqueteiros").
Juntos, os quatro enfrentam grandes aventuras a serviço do rei da França, Luís XIII, e principalmente, da rainha, Ana de Áustria. E é pensando nessas aventuras que indico a vocês buscarem o estudo sobre estes fatos históricos. A História está para além de informações do passado. A História é o marco da nossa origem. Portanto, busquemos saber sobre a nossa origem.
O jovem d'Artagnan, com a pretensão de entrar para a companhia dos Mosqueteiros do Rei, é humilhado por Rochefort, capitão dos guardas especiais, que confisca-lhe a carta de recomendação escrita por seu pai para Monsieur de Tréville. D'Artagnan provoca contra a sua vontade os três mosqueteiros para um duelo, ao esbarrar com Athos, ao se enrodilhar no manto de Porthos e ao apanhar do chão um lenço que comprometia Aramis.
Mas os duelos estão proibidos. Felizes por flagrarem os mosqueteiros em delito, os guardas do Cardeal intervêm no momento em que d'Artagnan cruzava ferros com o primeiro oponente. Os mosqueteiros recusam-se a entregar as armas e d'Artagnan junta-se a seus ex-adversários para aumentar suas forças. Depois de um combate intenso, em que os guardas são derrotados, os quatro jovens trocam votos de amizade. São recebidos pelo rei Luís XIII que, a princípio, pensa em puni-los por instigação de Richelieu.
Ao tomar conhecimento dos fatos e movido pelo grande carinho que tem por seus mosqueteiros, o rei os perdoa e ainda entrega 40 pistolas (antiga moeda francesa) para d'Artagnan que entra como cadete para a guarda de M. de Essarts. O jovem d'Artagnan apaixona-se pela esposa de seu senhorio, Constance Bonacieux, arrumadeira da rainha Ana de Áustria e salva-a de ser capturada por Rochefort. Reconhecida, Constance revela ao mosqueteiro que Richelieu procura comprometer a rainha, revelando a relação de amizade que a mesma nutre pelo duque de Buckingham, favorito do rei Carlos I, da Inglaterra.
A rainha, por intermédio de Constance, envia d'Artagnan a Londres, para recuperar alguns ferretes de diamantes que ela havia oferecido imprudentemente ao duque. Com efeito, instigado pelo cardeal, o rei Luís XIII havia pedido que a rainha aparecesse com a jóia no próximo baile da corte. Para ter certeza que a rainha não pudesse obedecer, Richelieu havia encarregado Milady de Winter de subtrair dois dos ferretes de posse de Buckingham.
D'Artagnan parte para a Inglaterra com seus três companheiros e seus lacaios. Deixa pelo caminho Porthos, em luta com um bêbado, Aramis, ferido no braço, e por fim Athos, acusado de ser falsário. Ele atinge enfim a Inglaterra, com um salvo-conduto roubado ao duque de Wardes, amante de Milady. O duque de Buckingham, ao tomar ciência do complô contra a rainha de França, aceita lhe dar os ferretes e ordena a seu joalheiro pessoal que fabrique dois ferretes novos para substituir as jóias roubadas por Milady. D'Artagnan volta a Paris a tempo de salvar a rainha.
O romance continua com o narrar da história e das tramas de amores secretos, velados e revelados, com ações heróicas e mediações de tomadas de decisões. Portanto, recomendo o estudo da época histórica e a leitura do livro."
Uma curiosidade referente ao romance é a abordagem cinematográfica que existe. Em 1993, a Disney fez um remake do filme original, estrelado por Chris O'Donnell no papel de D'Artagnan. Fato que particularmente marcou minha infância. Recentemente, em 2011, foi lançado outro remake do filme original. Um dos atores é Logan Lerman, no papel de D'Artagnan. Muito bom para obter várias observações; uma delas a linguagem que cada cineasta usa para atingir o público. Com criança há um teor de magia, de beleza particular pra passar a informação. Com adultos, o teor linguístico entranha a realidade ‘de cara limpa’. Podemos perceber que a forma com que posicionamo-nos com o outro, a nossa fala, as nossas expressões, influenciam a reação e a recepção do outro em relação a nós. Portanto, devemos ter consciência de que influenciamos e somos influenciados pelo outro, através de nossas relações interpessoais. Devemos agregar perspectivas.
Percebemos isto no romance, com a união dos mosqueteiros resultando em amizade. Neste entendimento, percebe-se uma evolução através de uma autentica transformação individual e coletiva. Quanto maior a capacidade das pessoas de se associarem em torno de interesses comuns (ou seja: quanto maiores os indicadores de organização social), melhores as condições de desenvolvimento humano. Há que se aprender a arte da convivência. É importante ter alguém para se abrir sobre seus questionamentos, para ampliar sua visão. O parâmetro é a própria significação dos valores. E a vivência requer o aprofundamento desses valores. A constituição da identidade dos seres apropria-se das relações interpessoais. Através destas relações, o homem torna-se capaz de desconstruir paradigmas. Esta é a capacidade que devemos desenvolver através da nossa vivência com o outro, depararmo-nos com novas realidades e, a partir do olhar do outro, sermos capazes de refletir e discernir a respeito da mudança. Desta forma, quebram-se paradigmas. Desta forma, transformamo-nos em seres humanos melhores.
* Raíssa Jacintho é psicóloga pela Universidade FUMEC e pós-graduanda em Trabalho Social com Famílias e Comunidades pela Faculdade Redentor (RJ). Sua área de atuação é a Terapia Cognitiva Comportamental em seu consultório particular. É colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve as quintas-feiras, sobre a Psicologia através dos mitos.
Contato: rarajacintho@hotmail.com
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