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Desafios do trabalho em rede

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 20 de jun. de 2014
  • 2 min de leitura

Desde a unificação do sistema de saúde brasileiro os profissionais da área têm passado por constantes desafios. Ressalto aqui, principalmente, o de fazer o sistema fluir, de dar conta da demanda dos milhares de pacientes. Pensando na psicologia a dificuldade não é diferente. Cada vez mais o psicólogo tem sido solicitado pelas instituições e a crescente demanda por atendimento tem feito o profissional buscar meios para lidar com a quantidade de pacientes. Infelizmente tenho visto diversas instituições perderem qualidade de serviço prestado para dar conta das longas filas de espera as quais os pacientes são submetidos.

Pensando que cada vez mais as psicopatologias estão em evidência e que as mais diversas formas de manifestação de sofrimento humano têm ocupado lugar de destaque, com as chamadas depressões, por exemplo, o psicólogo tem sido convocado pela ordem médica para lidar com o subjetivo, com o que esta mesma ordem não sabe trabalhar.

O que se vê com essa lógica são sujeitos em sofrimento que são encaminhados ao psicólogo sem ao menos saber a razão de seu atendimento. Sujeitos que simplesmente estão obedecendo, seguindo o tratamento ditado pelo médico: "Meu médico mandou eu procurar um psicólogo". Esta frase se tornou corriqueira no consultório e estranhamente a maioria destes pacientes nem ao menos questionou o encaminhamento.

Será que uma solicitação médica basta para criar uma demanda de atendimento psicológico ao paciente? Será que o simples fato de haver sofrimento basta para a existência de demanda? Pensando no trabalho psicanalítico, não. Deve haver desejo por parte do paciente. Apesar disso, não se pode ignorar estes sujeitos que chegam à clínica por meio do discurso médico, afinal, a oferta pode despertar uma demanda.

Apesar disso, da possibilidade da criação de demanda, uma demanda genuína por parte do paciente, o processo de sua elaboração se mostra complicado. No geral, as entrevistas iniciais são marcadas pela espera de que o psicólogo/psicanalista dê respostas, mostre algum saber sobre seu sofrimento.

Tenho presenciado uma imensa dificuldade de simbolização, de dificuldade em falar de si por parte dos pacientes. Talvez porque não compreendam de que maneira falar sobre seu sofrimento pode aliviar seu sintoma, talvez por pensarem que o psicólogo está no controle da situação, supondo que o profissional é quem sabe sobre seu sintoma. Pacientes bem treinados pela ordem médica, afinal, o discurso médico é marcado pela passividade do paciente, sendo, em grande parte dos casos, a maneira como o paciente chega em nosso consultório. A chegada é marcada por grande angústia, pois o sujeito é convidado, convocado a falar sobre seu sofrimento: quebrando a lógica anterior, é ele quem dará respostas e quem decidirá sobre seu tratamento. Por isso deve haver desejo, e é nisso que apostamos. Afinal, é o desejo de saber, saber sobre o seu sintoma que garante a passagem pela angústia, que garante a travessia do fantasma.


*Andressa Neves Psicóloga e Psicanalista. Escreve para a Rede Psicoterapias às quintas-feiras sobre psicopatologias e contemporaneidade.

Contato: andressaneves@live.com

 
 
 

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