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CAPS - O quê?

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 25 de jun. de 2014
  • 3 min de leitura

Os Centros de Atenção Psicossocial surgiram oficialmente em 1992, embora o 1º CAPS inaugurado – o CAPS Itapeva, em São Paulo, tenha sido inaugurado em 1986. Isso ocorreu devido ao trabalho intenso da comunidade de assistência à saúde mental, que militava pela existência de alternativas de cuidado além dos hospitais psiquiátricos. Com isso, surge um novo modelo de atenção a pessoas com quadro de psicoses e neuroses graves – leia-se, loucura – que prevê ser um espaço de promoção de saúde, com trabalho conjunto de profissionais de diferentes áreas, como psicólogo, médico, terapeuta ocupacional, enfermeiro, assistente social, entre outros.


O trabalho multidisciplinar permite que os usuários do serviço sejam vistos em dimensões que vão além do olhar “saúde-doença” ou da normatização de conduta, mas sim pensando na história e cultura de cada um. Isso permite que novos vínculos sejam criados e que os indivíduos possam cada vez mais ser vistos a partir de sua potência, pelo que podem construir a partir de sua diferença, estimulando a autonomia e inserção na comunidade.


Como princípio, o CAPS deve estar disponível a qualquer pessoa que busque o serviço, contanto que esta esteja dentro do território abrangido em seu atendimento. Muitos casos chegam por encaminhamento da rede, como escola ou posto de saúde. Existem tipos diferentes de CAPS: CAPS I e CAPS II que, funcionam somente durante o dia, atendendo casos variados e sem limite de idade; o CAPS III possui atendimento 24h, todos os dias, contando com leitos emergenciais; enquanto o CAPSi é voltado somente ao público infanto-juvenil. Também existem os CAPSad, com atendimentos exclusivos a pessoas que fazem uso abusivo de álcool e outras drogas e com foco na redução de danos – que também podem funcionar de modo contínuo, conforme o número de habitantes da região em que o serviço está instalado.


Uma vez que uma pessoa é acolhida no CAPS, serão realizadas entrevistas nas quais se baseará a discussão de caso pela equipe multidisciplinar. De modo conjunto, será avaliado se a pessoa será acompanhada no local ou se será indicado outro tipo de serviço. Caso permaneça, a equipe criará o projeto terapêutico singular que será o norteador da vivência do sujeito no serviço.


A ideia é que os usuários frequentem o espaço conforme seu projeto: participar de grupos, oficinas, atendimento psicológico ou psiquiátrico, por exemplo. Isso pode incluir também pensar em atividades fora do espaço, para estimular a apropriação do entorno do local de forma criativa e inclusiva.


Parece perfeito? Não é tão simples quanto parece. Muitas vezes existem falhas na formação continuada ou nos espaços de discussão da equipe, o que acaba engessando as práticas de trabalho. Em resumo, passa-se a usar de fórmulas prontas para casos diferentes, não discutir problemas e casos na equipe, ou deixar de se questionar como profissional e como serviço sobre o que está sendo trabalhado: no que seria possível melhorar? Para que fazemos cada grupo? Isso faz sentido para essa pessoa?


Além disso, sair do CAPS também não é tarefa fácil. É comum ver resistências a “sair dos muros”, pois isso envolve o desafio não somente de acompanhar os usuários, mas também de ter que lidar com a sociedade ao redor, que pouco compreende ou aceita modos diferentes de existência do dito “normal”.


Trabalhar com a loucura exige imaginação, disposição e presença viva, constante. Capacidade para refletir e propor o novo, ao mesmo tempo em que esse novo pode fracassar e é necessário estar pronto para pensar novamente, desconstruir e construir sempre. Não existem fórmulas prontas e é importante estar disposto a lidar com isso. Nesse sentido, encerro com os pensamentos: como lidamos com o que é diferente de nós? Estamos preparados para aceitar e acolher a loucura e modos diferentes de ocupar os espaços? Modos outros de falar, andar ou vestir? Para você, o que é ser normal?


*Sabrina Lima é estudante de psicologia pela PUC-SP, é colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às quartas-feiras sobre cotidiano e contextos de crise em clínica ampliada. Além da Psicologia, é amante de música e das palavras, e atualmente se dedica ao estudo da escrita e suas formas de expressão como recurso terapêutico.


 
 
 

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