top of page

Memórias Futuras

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 28 de jun. de 2014
  • 2 min de leitura

Um livro que não li fala sobre memórias futuras. Só o fato de ser um livro que (ainda) não li o torna, por si, uma memória futura. Gostei desta ideia de memórias futuras.


Pensei nas expectativas, que às vezes geram tanta ansiedade, como memórias futuras. Um quadro tão bem desenhado na mente, que vira memória. Memória do que não aconteceu. É como ter saudades de um futuro que não existiu.


Os encontros trazem bem isso. Uma pessoa que aparece em nossas vidas com algum ar de que pode ser importante. Um comportamento quase reflexo nos faz imaginar a vida que podemos ter juntos. Os dois indo ao cinema ver um filme que está em cartaz, conhecendo aquele restaurante novo, entrando um na casa do outro e, logo, na memória, uma vida compartilhada, famílias conhecidas... um futuro estável, memorável.


Ou com alguém que se conhece. Um ex-namorado, quem sabe? Se não tivesse terminado, a viagem tantas vezes imaginada para Europa seria, enfim, feita. Aquele fanatismo pelo futebol de domingo, com certeza seria amenizado e os domingos passariam a ser dias de passeio. Aquela mania de arrumação iria ser flexibilizada e a bagunça do outro seria naturalmente incorporada ao casal. Um futuro, também memorável, mas com tantas saudades. Saudades do que foi bom e que poderia ser melhor, para ser mais duradouro.


Tantas imagens que criamos diante do que existe. Muitas vezes, criações a partir de algo que só deu ares de realidade. Uma pincelada de existência e uma memória já se forma. Essa expectativa que pode mobilizar, ou paralisar. A memória é real, absolutamente concreta para o expectante. Mas, provavelmente, novos quadros serão desenhados, de forma a tornar as memórias futuras incompatíveis com o que se traça de novo.


Imagino que as memórias, passadas mesmo, sejam reconfiguradas a cada lembrança. Quase como os sonhos. Sonhamos e o relato nunca corresponde ao sonho mesmo. Contar, de novo, transforma o sonho. As memórias futuras devem ter essa mesma natureza móvel, mas são particularmente distintas, porque, quando o futuro se aproxima do presente, o que acontece fora da mente, muitas vezes difere muito do imaginado outrora. Para levar adiante a construção de memórias passadas, em uma situação cheia de expectativas, talvez seja necessário abandonar - ou reclassificar - as primeiras memórias futuras.


*Luisa Rosenberg é psicóloga clínica junguiana, graduada em 2011 pela PUC-SP. Aos sábados, escreve sobre as coisas do cotidiano; “crônicas psicológicas” falando, muitas vezes, sobre as artes para tentar falar da vida.


E-mail: luisarosenbergcolonnese@gmail.com

 
 
 

Comentarios


Siga-nos
  • Facebook Classic
  • Twitter Classic
  • Google Classic

Vamos continuar este contato? Assine a nossa newsletter!

Agora você faz parte da nossa Rede!

Consultório sede:

Rua Joviano Naves, 15 - sala 04. | Belo Horizonte /MG

 

Nossos contatos:

(031) 4141-6838

(031) 4141-6839

redepsicoterapias@gmail.com

Nos acompanhe:

  • Wix Facebook page
  • Instagram Social Icon
  • Wix Twitter page
  • Wix Google+ page
  • LinkedIn Social Icon

©Copyright 2011 Rede Psicoterapias. Todos os direitos reservados.

bottom of page