Um Corpo: Vários Discursos
- redepsicoterapias
- 15 de jul. de 2014
- 2 min de leitura
Um corpo pode ter interpretações diferentes por parte das áreas que o estudam. Em termos da biologia, por exemplo, o objeto de investigação é a anatomia e funcionamento dele, independentemente das características psicológicas, sendo o corpo uma junção dos seus órgãos.
A Psicologia, através da psicanálise, toma como objeto de estudo o corpo desconsiderado pelas ciências médicas: o corpo simbólico e libidinal, ou seja, construído nas primeiras relações com a mãe. Sigmund Freud, em uma das suas obras afirma que existe um abismo entre as formas de conhecimento na medicina e na psicanálise, ele aborda a questão da diferença entre o ver e o escutar. O ver tende a reduzir o real, por utilizar os aspectos sensoriais; enquanto o escutar pode fazer transparecer a verdade de forma mais específica através da interpretação do discurso, do curso associativo (sentido da história do sujeito) e atenção flutuante (modo como o analista deve escutar o analisando).
A evolução das ciências médicas possibilitou um estudo e conhecimento aprofundado do corpo humano, tornando a subjetividade do indivíduo uma área que fica em segundo plano no processo do cuidar. Onde a subjetividade é desconsiderada, a Psicologia interfere e afirma seu compromisso de dar voz ao que a medicina cala, pois, mesmo o adoecimento sendo fisiológico, ele ocupa um lugar no aparelho psíquico humano e, muitas vezes, isso interfere sobre o estado de saúde. Uma terceira vertente para a caracterização e estudo do corpo é a educação! Seja ela em forma de busca do conhecimento em alguma área de interesse através de estudos ou pesquisas, ou exercícios físicos práticos que ocasionam uma verdadeira fusão das considerações supracitadas: No ato de exercitar-se, o indivíduo previne o corpo do adoecimento físico e proporciona a sua psiquê sentir e demonstrar sensações libidinais causadoras de uma tranquilidade, despertando-lhe bem estar. Assim, ao mesmo tempo em que exercita a disciplina, adquire conhecimento e trabalha áreas cerebrais importantes para um bom funcionamento corporal.
Por fim, deve-se considerar é que um corpo tem espaço para ser cuidado e estudado pelos diversos saberes, cada um valorizando sua atuação e integrando conhecimentos, pois, caso haja insistência em fragmentá-lo, a conclusão é de um corpo que não funcione sem suas especificidades e subjetividade e não há psiquismo no qual constate sua própria existência diante da inexistência desse corpo passível de observação, contemplação e estudo.
*Tabillo Lavinsky é psicólogo graduado pela FTC - Faculdade de Tecnologia e Ciências em Itabuna-Ba, finalizando especialização em Psicologia Clínica e Hospitalar pela FSBA – Faculdade Social da Bahia em Salvador-Ba. Atualmente exerce a função de Psicólogo do Conjunto Prisional de Eunápolis, e, já atuou no CRAS, equipe volante e na Clínica de abordagem psicanalítica. Muito interessado em temas atuais e sua relação com a Psicologia.
Contato: tabillolavinsky@gmail.com
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