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Superioridade ilusória

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 30 de jul. de 2014
  • 4 min de leitura

Como você se vê? Se lhe pedissem uma autoavaliação, o que diria sobre si mesmo? O artigo de hoje tenta ajudá-lo a perceber como geralmente esse tipo de questão é elucidada no seu íntimo.


Algum tempo atrás, havia uma crença de que a maioria das pessoas sofria com baixa autoestima e/ou complexo de inferioridade (ou algum outro tipo de autoaversão). Nessa mesma época, as vendas de livros de autoajuda, que prometiam fazer com que você enxergasse o quanto era bom e, logo, merecedor de sorte maior, aumentaram exponencialmente. Essas crenças ainda são muito presentes na mente de todos hoje, mas sinto em lhe dizer que elas estavam erradas. Pesquisas conduzidas nas últimas décadas (sim, você leu "décadas") sugerem que o exato oposto é o que expressa a verdade. O que quero dizer é que, dia a dia, você se acha, no mínimo, melhor do que realmente é. Sabe aquela música da Pitty que diz "...que você me adora, que me acha f..."? Pois é assim que você se sente.


Nossa autoestima é quase sempre uma forma de autoilusão, mas tem o seu propósito: pensar muito bem de si mesmo evita a estagnação. Parar para refletir francamente sobre todos os erros e fracassos cometidos o deixaria paralisado de medo, receoso e duvidoso. Achar-se capaz é um fator que o impulsiona e economiza seu tempo. Além disso, é esse instinto de auto promoção interna que o ajuda a sair de crises de ansiedade e depressão, numa espécie de luta contra o pessimismo. Porém, essa tendência de enxergar-se sempre acima da média também pode trazer prejuízos. Sem ver o quanto está sendo ruim, você não tem como se corrigir.


Em meados dos anos 90, houve muitas pesquisas voltadas ao aprofundamento da relação do indivíduo com sucesso e fracasso. Apurou-se que, quando tudo está indo bem, tende-se a dar o crédito a si mesmo. Por outro lado, quando os objetivos começam a ruir, costuma-se atribuir o infortúnio à falta de sorte, injustiça, praga, destino, pessoas ruins, doença, carma ou a quaisquer outros motivos que não sejam suas próprias limitações. Conforme o tempo passa, isso fica ainda mais interessante. Você tende a ver seus erros do passado como se tivessem sido cometidos por uma "outra" pessoa. Esse "outro você" de tempos atrás é visto como um idiota que tinha péssimo gosto e fazia muitas besteiras, além de ser obviamente muito diferente do indivíduo de agora. Este último, por sua vez, é encarado como inteligente, experiente, digno de bom gosto e decisões muito bem embasadas.


Pensa que acabou? Saiba que esse tipo de pensamento também influencia a forma como se compara aos outros. Você pensa que é mais competente do que seus colegas de trabalho, mais inteligente do que seus professores, mais amigável do que seus parceiros, mais ético do que a população em geral, mais confiável do que seus amigos, menos preconceituoso do que as pessoas do seu país, melhor filho do que seu irmão e que vai viver mais tempo do que outros. Não acredita no que estou dizendo, né? É provável que, enquanto lia essa lista, você tenha dito a si mesmo : "eu não me acho melhor do que ninguém, esse cara tá errado". Logo, você pensa que é mais honesto consigo mesmo do que a maioria das pessoas. Gotcha!


Esse fenômeno, que dá título ao artigo, é derivado do viés de autoconveniência e do efeito Dunning-Kruger (falaremos deles em outros artigos). Você não se vê como parte do todo, como um cidadão médio que faz parte das estatísticas. "Não, não eu, eu sou único", é o que acha. "Singular" seria a palavra. De fato você é, mas não da forma que enxerga. Você se vê acima da média, como se soubesse algo que os outros não sabem. "Mas eu tenho muitos defeitos e sempre admiti isso", pode estar pensando agora. Sim, algumas imperfeições são claras até mesmo para você, porém, essa é só mais uma artimanha para validar ainda mais tudo o que pensa de si mesmo. Afinal, você não se acha perfeito, apenas acima da média, lembra-se?


O fato é que você é um grande mentiroso e mente principalmente para si mesmo sem nem perceber. Se vence, conta para todo mundo. Se fracassa, esquece ou remonta a história culpando algo externo. Não estou dizendo que tudo que dá errado é culpa sua, mas também não será sempre culpa de terceiros. Nem tudo o que acontece na vida tem relação causa X efeito, nem tudo tem um motivo.


Por isso, cuidado na hora de tentar responder à pergunta do início do texto, pois já vimos que você não é muito bom em se autoavaliar. Mas não se sinta mal por isso, afinal, ninguém é.

Até a próxima.


*Luiz Medeiros é carioca e está se graduando em Psicologia pela IBMR - Laureate International Universities.

Admirador de tudo que envolve o ser humano e seus mistérios, escreverá às quartas sobre curiosidades da psicologia, do comportamento e das neurociências. Tudo em linguagem fácil e com pitadas de humor. E-mail: luizrjbrasil@gmail.com


 
 
 

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