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Sobre o suicídio

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 17 de set. de 2014
  • 3 min de leitura

A última quinta-feira, 11 de setembro, marcou o dia de Prevenção ao Suicídio, data criada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para divulgar mundialmente a importância da conscientização sobre o tema e orientação de conduta. Segundo o órgão, o suicídio é a terceira causa de morte no mundo entre pessoas jovens, de 15 a 34 anos, sendo que os homens cometem 3 vezes mais tentativas de suicídios do que as mulheres.


No Brasil, essa semana foi marcada pela III Jornada de Prevenção do Suicídio no Distrito Federal, que contou com o lançamento de um plano de prevenção que será encaminhado às equipes de saúde pública em todo o país, visando capacitar profissionais para que saibam identificar comportamentos de risco e manejar o contato com pessoas que necessitem de apoio.

A discussão sobre quem tem o poder de decidir sobre a vida – e julgar ou criminalizar a forma como ela termina – não é atual e passa por questões sociais, religiosas e de Estado. Suicidar-se é uma opção ou uma imposição? Para falar de um fenômeno tão complexo, vou focar somente nosso momento atual, sem abordar a amplitude que o tema do suicídio possui em outras culturas e contextos históricos econômicos.


Partindo do recorte da garantia da vida, passo a escrever o texto pensando no trabalho do psicólogo como apoiador nas situações de crise. Estudamos que geralmente não existe uma causa única para se suicidar, mas sim um longo processo que culmina em um ato suicida, como se diversos fatores se acumulassem e tivesse um desencadeador final. Na grande maioria das vezes, o desejo de se matar é expresso ao longo do tempo às pessoas próximas.


Silêncio e ausências fora do comum podem ser pistas de que algo não está indo bem, e comunicados podem vir através de redes sociais, diários, ou através de falas que soam dramáticas, como “preferia morrer que viver essa vida”. Comentários desse tipo não devem ser desconsiderados, pois sempre expressam sofrimento. Já me perguntaram algumas vezes: “Ah, mas quem quer morrer, se mata de uma vez, não é? Quem ameaça muito não faz nunca”. Na verdade isso é um argumento frágil, pois a grande maioria das pessoas que comete atos suicidas tem sentimentos ambivalentes, desejam a morte e a vida ao mesmo tempo. Não há como garantir de antemão que o suicídio não ocorrerá, e utilizar dessa falsa segurança serve apenas para desvalorizar um pedido de ajuda de alguém que está sofrendo e que não encontrou outro modo de se expressar.


Então, existe meio de se prevenir um suicídio? Nós, como psicólogos, podemos garantir a uma família que nos traz alguém com desejo de tirar a própria vida que isso não vai acontecer? E mesmo para aquele que chega para nós e verbaliza o desejo de se matar, podemos garantir que nosso trabalho irá fazer com que essa pessoa não chegará a tentar?


Gostaria de poder ser onipotente e dizer que sim, mas infelizmente não. E em uma conversa que respeite nossa posição ética pelo livre arbítrio do outro, podemos justamente dizer isso a quem estamos acompanhando: que não temos o poder de impedir que a pessoa se mate caso realmente queira, visto que é responsável pela própria vida. Mas é justamente desse profundo respeito pela escolha do outro que vem a oferta de estar ao lado, de oferecer também o apoio, legitimar a dor que o outro está sentindo, dar espaço ao vazio e voz ao silêncio. Dizer que posso compreender minimamente o quão difícil está sendo esse momento pra pessoa, tanto que está a ponto de desistir; é se colocar disponível ativamente: existe algo que a gente possa fazer juntos? Que saídas podemos procurar? De que modo podemos direcionar essa agressividade que agora está voltada somente para você?


De que modo o sujeito pode se vincular de novo à vida? Esse é o grande desafio. Importante falar também que como psicólogos, trabalhamos sempre em rede. Em casos em que percebemos que o risco de morte é grande, podemos pedir autorização a quem estamos acompanhando para falar com a família, amigos ou serviço médico para auxiliar no suporte.


Até a próxima semana!



*Sabrina Lima é estudante de psicologia pela PUC-SP, é colunista da Rede Psicoterapias, onde escreve às quartas-feiras sobre cotidiano e contextos de crise em clínica ampliada. Além da Psicologia, é amante de música e das palavras, e atualmente se dedica ao estudo da escrita e suas formas de expressão como recurso terapêutico.

 
 
 

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