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Breves considerações sobre luto e amor

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 10 de out. de 2014
  • 2 min de leitura

O apaixonamento é o maior exemplo de altruísmo do eu. O sujeito que ama abre mão de seu narcisismo em favor de investir sua libido em outro. É por isso que o ser apaixonado é capaz de cometer loucuras para se manter ligado ao objeto de amor, loucuras que não seriam feitas em seu estado "normal" de consciência.


Essa corrente afetiva, segundo Freud, constitui-se logo nos primeiros anos de vida do sujeito, sendo dirigida inicialmente aos seus cuidadores. Com a puberdade essa corrente se torna mais poderosa, defrontando-se com obstáculos oriundos da dissolução edipiana e, por consequência, caracterizando-se pela ligação com objetos estranhos, ainda que estes novos objetos sejam escolhidos pelo modelo dos objetos infantis.


Por conta da intensidade do apaixonamento torna-se alta a valorização psíquica do objeto de amor, podendo ser observada uma antítese entre a libido do eu e a libido objetal, afinal, quanto mais uma é empregada, mais vazia se torna a outra. Quando se fala em apaixonamento, é a libido objetal que atinge sua fase mais elevada, já que o sujeito parece desistir do eu pela catexia objetal. Em outras palavras, o que se observa é um empobrecimento da libido do eu em favor do objeto amoroso. Mas o que acontece quando há a perda deste objeto?


Apesar da possibilidade da substituição de objetos amorosos, esta passagem é permeada por uma série de dificuldades. A realidade da perda do objeto de amor revela que o mesmo não existe mais, passando a exigir que a libido seja retirada de suas ligações. É notável que o sujeito não abandona de bom grado sua posição libidinal, mesmo quando um possível objeto substituto aparece. Apesar da ordem da realidade dizer ao sujeito que desligue suas conexões com o objeto perdido, o sujeito não é capaz de obedecê-la de imediato, sendo executada aos poucos e com grande dispêndio de energia. Durante este processo a existência do objeto perdido é prolongada, já que é preciso que o eu se desligue de cada lembrança e expectativa depositada e vinculada ao mesmo.


Apesar de penosa a elaboração do luto do objeto perdido, o caminho de desligamento da libido é concluído, ficando o eu outra vez livre para se ligar a um novo objeto amoroso por meio do deslocamento. Este é um caminho conhecido na vida de qualquer sujeito, apesar da angústia e dor que sente a cada vez que tem que atravessá-lo novamente. Não se sabe quantas vezes o sujeito terá de percorrê-lo ao longo de sua existência, mas uma questão se torna fato: a necessidade de sua repetição quantas vezes forem necessárias, afinal, "Devemos começar a amar a fim de não adoecermos, e estamos destinados a cair doentes se, em consequência da frustração, formos incapazes de amar." (Freud, 1914).

*Andressa Neves é psicóloga e psicanalista, especialista em Teoria Psicanalitica pela PUC-SP. Atua em atendimento clínico de crianças, adolescentes e adultos e pesquisadora na área dos distúrbios graves da infância.

 
 
 

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