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Carta para os que vão crescer

  • Foto do escritor: redepsicoterapias
    redepsicoterapias
  • 4 de mar. de 2015
  • 3 min de leitura

Originalmente essa coluna é feita para ser lida por pessoas adultas. Então, pequenos, me desculpem se eu usar palavras difíceis como as dos livros. Vou me esforçar pra essa ser uma história contada “da cabeça”, do jeito que a maioria gosta, porque fica mais fácil de entender. Meu combinado aqui é escrever sobre arte, e acho que fico no tema ao usar toda a obra de vocês pra criar uma carta.

Tem horas em que a vida prega peças na gente. Tudo anda bem, feliz, e de repente acontece alguma coisa que remexe a gente por dentro, como borboletas no estômago, e a gente fica confuso, atrapalhado, como se tivesse perdido o chão. Aí precisa escolher entre uma coisa que é boa, e outra que também é boa. Que trapalhada! Ainda mais quando a coisa nova que aparece é desconhecida, e não tem como ter certeza se vai dar certo ou não.

Os maiores que eu, que um dia foram tão pequenos quanto vocês, me disseram que é normal ter medo do que não conheço, mas que pra ser gente grande, é preciso encarar essas mudanças de frente e ter coragem. Do jeito que os navegantes do passado foram desbravar os mares desconhecidos sem ter certeza se voltariam pra casa em segurança depois. Os adultos me disseram que corro o risco de não fazer nada só por medo de dar errado, e pensei que isso é um pensamento de adulto. Eu, que ainda sou pequena, deveria experimentar esse novo sem medo, como quando jogamos um jogo novo pela primeira vez, sabendo que podemos perder e topamos só pela diversão.

A verdade é que essa mudança me deixou morrendo de medo. Medo de crescer demais, e de logo não poder mais contar boas histórias ou brincar no chão sem doer os joelhos. Mas acho que é assim que a gente cresce, fazendo as coisas mesmo quando está com medo! Então, por achar que meu sonho está chegando perto e que eu preciso dar a mão pra ele, é que estendo a mão para dar tchau para vocês.

Nessa idade, aos dez, vocês estão começando a perceber que o mundo não é feito só de brincadeiras, o que é uma pena. O corpo vai começar a mudar, novos instintos virão e conversar vai ser cada vez mais e mais confuso. A explicação “sou psicóloga, tipo uma médica de coração” não vai mais servir pra nada, e alguns vão fugir dos papos comigo como se eu estivesse invadindo suas cabeças.

Logo serão adolescentes. Os adultos que hoje admiram serão colocados num pacote de chatice que incluirá as regras, horários e tarefas. O mundo vai ter uma cara ainda mais atrapalhada, dizendo que seu corpo maluco e seus sentimentos conflituosos não estarão sossegados em lugar nenhum. Talvez alguns se isolem, outros criem seu próprio jeito de ser, outros continuarão firmes em um grupo que os apoia. Será bem legal se continuarem juntos.

E aí vai bater na porta a hora de escolher o que vocês serão pro resto da vida. De estudar loucamente sem ter, de novo, certeza de nada, e começar numa faculdade, assim como a que eu acabei de terminar, pra sair dela com mais perguntas do que quando entraram. Acreditem, num mundo em que todos têm respostas, será muito bom ter alguns perguntadores.

É provável que alguns trabalhem, e que em algum momento do dia se perguntem se estão no “caminho certo” ou se se perderam no meio. Alguns podem já ter ido embora, da cidade ou até desse mundo. Nesse momento, eu mesma posso já estar fazendo bonecos de sombra em outro lugar.

O que desejo mesmo, pra essa despedida, é que cultivem a gentileza. Que toda essa arte infantil que recebi de vocês, os desenhos, os abraços, as canções e as declarações de amor mais apaixonadas, permaneçam para sempre na visão e no tato. Que saiam de um jeito simples e sincero, mesmo quando a gente estiver numa hora tão confusa como essa, que é feliz e também triste. Que vocês sofram pela perda no momento certo, que deixem doer, como quando a gente cai, rala o joelho, dá vontade de chorar, mas fica com vergonha do que os outros vão pensar... E ainda assim chora, porque precisa aliviar a dor, sabendo que logo mais vai crescer uma casquinha (que vai dar vontade de tirar) e vai sarar.

Desejo que sejam questionadores da chatice e das injustiças do mundo. Que não tenham medo de fazer o que o coração mandar ou de pedir ajuda quando ele estiver muito atrapalhado. E se nessa hora, eu ainda estiver aqui, conversando pra melhorar as dores do coração, me chamem.

Um beijo grande,

Sabrina

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