E essa tal ansiedade?
- redepsicoterapias
- 6 de abr. de 2014
- 3 min de leitura
Muitos dos que chegam ao meu consultório vêm incomodados com a tal da ansiedade. Inquietação, irritação, sentimento de que algo dará errado, dificuldades para dormir, pesadelos, pensamentos recorrentes sobre uma situação, problemas alimentares, dificuldade de concentração e de permanecer parado, com movimentos repetitivos das mãos ou dos pés. Estas são algumas características que podem significar um quadro ansioso, embora sempre existam variações na frequência, intensidade e na forma como cada um o sente e vivencia.
A ansiedade é um fator comum na vida de qualquer pessoa e é importante perceber que nem sempre ela é algo negativo. Podemos ficar ansiosos para ver alguém que amamos, para uma viagem prestes a acontecer, para deixar o emprego antigo ou trocar aquele sapato que está nos incomodando. E assim, é a antecipação que nos impulsiona a encontrar mais cedo aquele amigo querido, preparar os detalhes de cada viagem, procurar opções de emprego que mais nos interessem e dar logo uma passada no sapateiro.
Contudo, além da ansiedade comum, há o que nós chamamos de “ansiedade patológica”, que oprime, sufoca e impede o desenvolvimento de qualquer outra atividade. Este tipo paralisa a pessoa de tal forma que acaba por prejudicar enormemente seu dia a dia. O trabalho do psicólogo, nesses casos, é justamente o de ajudar a pessoa a identificar de onde surge essa ansiedade, que situações a estão causando e como, ao longo da sua vida, ela desenvolveu esse padrão de se sentir ansioso nessa situação específica.
Por exemplo, nosso amigo fictício Martin sempre se sente ansioso para fazer uma prova. Quando o professor marca a avaliação, ele já sente um tremor pelo corpo inteiro e não se desliga mais: pensa sobre isso a semana inteira, visualizando situações em que não consegue ter sucesso, reprova na disciplina ou é humilhado diante da turma. Com a proximidade da data, Martin passa a ter dificuldades para dormir e não consegue mais comer direito sem sentir náuseas. Para de dar atenção à namorada, não se concentra mais no que os pais falam e vai ficando cada vez mais irritadiço porque tem certeza de que se não passar nesta prova com uma nota 10, será taxado de aluno mediano e não se sentirá inteligente. Este tipo de pensamento de Martin certamente foi algo moldado ao longo de uma longa história de vida. Sem que ele percebesse, estabeleceu-se de diversas formas a ideia de que somente pessoas que tiram nota 10 são inteligentes. Isto tornou as provas uma fonte de imensa ansiedade.
É importante a mudança de pensamento e comportamento a respeito do que nos influencia e este nem sempre é um processo rápido ou simples. A partir do momento em que Martin conseguir compreender que o que produz a ansiedade não são as provas em si, mas o significado que elas têm para ele, poderá começar a olhar mais a fundo a questão. Afinal, provas não são fonte de ansiedade para todos, mas sim para Martin! Refletir sobre o porquê determinadas situações têm o impacto que têm sobre nós mesmos abre a possibilidade de percebermos que podemos agir e pensar de formas diferentes sobre o que antes nos afligia.
E, muitas vezes, estar disposto a mudar é grande parte do processo! Olhar as situações de vários ângulos, pode ajudar a entender coisas que não havíamos percebido e passamos a olhar por perspectivas diferentes. E é assim, mudando a forma como nos comportamos, que conseguimos mudar as situações e como nos sentimos em relação a elas.
*Joana Vartanian é psicóloga formada pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), atuando com Terapia Comportamental. Possui atividades de aperfeiçoamentos pela UNESP, Universidade de São Paulo (USP) e Hospital do Coração (HCor) e realiza atendimentos direcionados a orientação de pais, Treinamento de Habilidades Sociais, terapia de casal e atendimentos em grupo e individuais de adolescentes e adultos.
Contato: joana.vartanian@yahoo.com.br
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