Dançar estimula o cérebro?
- Marcela Bianca
- 29 de abr. de 2015
- 3 min de leitura

Você já parou para pensar nos benefícios da dança? Hoje é o dia dança e então resolvi falar dos benefícios da dança em relação ao cérebro.
A dança estimula a inteligência e o raciocínio e assim assegura uma agilidade mental saudável, em qualquer idade, passando por estimular o próprio cérebro com coisas novas e diferentes, que nos obrigam a pensar de forma criativa. Além de diminuir os níveis de estresse e aumentar os níveis de serotonina (e consequentemente o bem-estar geral), a dança tem a capacidade de nos tornar mais inteligentes, ao mesmo tempo que reduz o risco de demência.
Toda vez que uma música ou um ritmo são percebidos pelo cérebro, o corpo começa automaticamente a se mexer. A não ser que a mente não ordene, não há quem consiga ficar totalmente parado.
A explicação para esta compulsão ao movimento está no cérebro, mais especificamente na sua parte central, onde se localizam o tálamo e o hipotálamo, e também no lobo parietal, que reage à música e ao ritmo modulando o caminho dos estímulos do som. Essa alteração se reflete com maior intensidade nas áreas responsáveis pelos chamados movimentos de atenção involuntária, ou seja, que independem do controle do córtex. Essas áreas diretamente relacionadas à memória e à expressão de emoções, estão localizadas no chamado sistema límbico, que envolve a parte mais central do cérebro.
O pesquisador Lovatt do departamento de psicologia da dança da Universidade de Hertfordshire, da Inglaterra, é dançarino profissional antes de se formar em psicologia e inglês. Seus estudos concluem que o modo de dançar pode influenciar dois tipos de pensamento: o convergente e o divergente.
O pensamento convergente é aquele que junta esforços em busca de uma resposta. Isso acontece, por exemplo, ao resolvermos uma conta matemática. Ao pensarmos no resultado da soma 125 + 487, estamos dirigindo nosso cérebro a uma resposta exata: 612. Já o pensamento divergente procura não apenas uma solução, mas várias.
As pesquisas de Lovatt sugerem que existem duas formas de dançar: uma estrutural e outra improvisada. A dança estrutural é aquela que você segue, enquanto a dança improvisada é aquela que você cria. A dança estrutural contribui para o pensamento convergente. Segundo Lovatt, ela agiliza o processamento de informações no cérebro, o que faz com que se chegue mais rápido a uma resposta. Agora, se você quer mais criatividade, o pesquisador sugere a dança improvisada. Ela pode estimular ideias criativas e acelerar os pensamentos divergentes.
Enquanto a música mais contínua leva o cérebro ao relaxamento a mais melódica provoca o estado de atenção. Mas a maior atividade neural provocada pela dança ocorre nas áreas associativas, ou seja, na integração das funções motoras e de sensibilidade, que dão significado a cada movimento praticado ou percebido. Desta forma, a dança deixa se ser simples movimento, para ampliar a capacidade sensorial e de compreensão do mundo, ao mesmo tempo que aumenta o repertório comunicativo de cada pessoa.
Outra revelação interessante das pesquisas conduzidas por Lovatt é que o nível de hormônios sexuais pode tornar a dança de um indivíduo mais atrativa. O pesquisador avaliou o nível de testosterona em homens e aqueles que apresentaram taxas mais altas foram os considerados mais atraentes por mulheres que os observavam dançando.
Lovatt observou o mesmo quando os sexos foram invertidos. Mulheres que estavam em seu período fértil, e portanto, com maiores taxas de progesterona, mexiam mais os quadris enquanto dançavam. Isso as tornaram mais atrativas aos olhos masculinos. Os pesquisadores compararam os movimentos das mulheres em diferentes etapas do ciclo menstrual e constataram que a uma maior taxa hormonal pode ser ligada a movimentos mais sensuais.
Vamos estimular o cérebro através da dança?
Marcella Bianca Neves
Neuropsicóloga
www.marcellabianca.com.br
@neuropsimarcellabianca

Comments